Escolas, resort e imobiliárias: o império empresarial de Pablo Marçal
Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo fundou quinze companhias em seis anos e acumula entreveros na Justiça
Pré-candidato que vem impactando a disputa pela Prefeitura de São Paulo, o coach Pablo Marçal (PRTB) dedicou boa parte dos últimos seis anos à abertura de empresas em ramos variados. Como mostra reportagem de VEJA, o empreendedor goiano de 37 anos é atualmente sócio-proprietário de dezesseis CNPJs, sendo quinze registrados desde 2018 (o mais recente foi aberto em maio).
O império empresarial de Marçal consiste, segundo levantamento de VEJA, em sete holdings que controlam cinco centros de treinamento profissional, um colégio de ensino básico, duas incorporadoras imobiliárias e um resort no interior paulista. No total, as empresas somam quase 200 milhões de reais em capital social (soma do investimento inicial dos sócios).
Nesta recente e intensa jornada pelo mundo dos negócios, o coach conta com dois nomes de confiança nas parcerias. Um deles é Ana Carolina Marçal, esposa de Pablo, que aparece como sócia em cinco empresas; o outro é Marcos Paulo de Oliveira, amigo goiano de longa data que surge como coproprietário em outras cinco companhias.
Enroscos na Justiça
Mais de dez empresas de Marçal têm sede registrada no mesmo endereço, um luxuoso complexo comercial em Alphaville, no município de Barueri, na região metropolitana de São Paulo. Lá funciona também, teoricamente, a Oliveira Participações Ltda., do parceiro Marcos Paulo. No entanto, em julho do ano passado, quando a Polícia Federal fez buscas no prédio no âmbito de uma investigação contra o coach por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais de 2022, encontrou somente salas vazias, uma editora de livros e uma mesa de bilhar — nenhum escritório.
A batida policial representa apenas um dos vários entreveros das companhias de Marçal com a Justiça. Há pelo menos 48 processos públicos em que o conglomerado do coach aparece como réu, somando 11 milhões de reais em causas que variam entre acidentes de trabalho, indenizações por danos morais, rescisões de contrato e ilegalidades trabalhistas. Cerca de trinta outros processos tramitam em segredo de Justiça e não têm valores divulgados.
Em entrevista a VEJA, o próprio Marçal diz que o número de processos é “pequeno em relação ao número de clientes das empresas”. Sobre a concentração de CNPJs no endereço em Alphaville, o pré-candidato afirma que o prédio é amplo e o município oferece a ele benefícios fiscais. “Mais sobre isso teria que perguntar a meu advogado tributário, imagine que vou saber esse tanto de coisa”, declara o coach.