Em tom de campanha, Bolsonaro convoca novo ato para a Avenida Paulista

O ex-presidente Jair Bolsonaro irá realizar uma nova manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, em busca de apoio político contra o julgamento a que responde no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. O ato está agendado para o próximo dia 29 de junho, um domingo, às 14h, na capital paulista.

“A luta continua por democracia, por liberdade, por justiça. Compareça”, diz Bolsonaro em vídeo de divulgação das manifestações. O breve pronunciamento do ex-presidente dura cerca de onze segundos e acompanha uma montagem de suas declarações, uma foto sua com o lema “Tô chegando” e o endereço de uma página no Instagram com materiais em estilo de campanha eleitoral. O perfil inclui links de venda de uma suposta biografia oficial do capitão, em formato ebook, e de arrecadação de fundos para presos por envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023.

A manifestação é organizada pelo pastor evangélico Silas Malafaia, aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro. O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, presença frequente nos palanques dos atos bolsonaristas, vem capitaneando uma campanha massiva nas redes sociais para denunciar supostas irregularidades praticadas pelo STF em decisões contra o ex-presidente.

O mais recente ato bolsonarista em São Paulo ocorreu no último 6 de abril, quando o ex-presidente reuniu cerca de 45.000 apoiadores na Avenida Paulista. Antes disso, em 16 de março, Bolsonaro atraiu aproximadamente 18.000 simpatizantes na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. As estimativas são do Monitor do Debate Político no Meio Digital do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e da ONG More in Common.

Com a realização de mais um ato em São Paulo, Bolsonaro tenta demonstrar musculatura política contra a Justiça, cujo cerco se fecha cada vez mais contra o ex-presidente à medida que o julgamento da trama golpista avança no STF. Na semana passada, durante interrogatório no Supremo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, declarou abertamente que o antigo chefe estava determinado a encontrar falhas nas urnas eletrônicas que justificassem uma anulação das eleições de 2022 — a defesa do ex-presidente, por sua vez, vem explorando contradições nas versões do delator que podem enfraquecer a denúncia da Procuradoria-Geral da República.

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