Em novo cerco à Igreja Universal, governo de Angola tira a TV Record do ar
Ligada ao bispo Edir Macedo, direção brasileira da instituição vem acumulando derrotas em decisões do governo e da Justiça do país africano
O governo de Angola resolveu apertar o cerco contra a Igreja Universal do Reino de Deus, que mantém forte influência no país como um conglomerado religioso e midiático. Após determinar o confisco de templos e a deportação de pastores brasileiros, as autoridades decidiram agora suspender as atividades da TV Record afiliada da matriz brasileira no país africano. A decisão vale a partir da 0h desta quarta-feira, dia 21.
O anúncio foi feito pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social. Segundo o comunicado, a Record descumpriu a legislação angolana ao manter na função de diretor-executivo da empresa um cidadão não angolano. Além disso, também manteve em seu quadro estrangeiros que não se encontram credenciados no Centro de Imprensa do país. Com isso, o registro foi cassado de forma provisória “até à sua regularização junto à Direção Nacional de Informação e Comunicação Institucional”.
Fundada e comandada pelo bispo Edir Macedo, a Igreja Universal enfrenta uma verdadeira batalha em Angola dividida entre uma ala formada por maioria brasileira ligada a Macedo e a outra de maioria angolana encabeçada por pastores da igreja. O movimento começou em novembro de 2019, quando centenas de líderes angolanos se rebelaram contra a administração brasileira e tomaram alguns templos pelo país.
Desde 2019, a Procuradoria-Geral da República de Angola resolveu intervir no conflito interno e move uma investigação contra a Igreja Universal sob as acusações de discriminação racial, abuso de autoridade, exigência de castração química e evasão de divisas. Enquanto as apurações não são concluídas, a PGR chegou a determinar o fechamento dos templos, em agosto de 2020, como medida mais drástica.
Em fevereiro deste ano, as catedrais reabriram, mas sob nova liderança — o bispo angolano Bezerra Luís foi aclamado pela ala dissidente como o novo líder e os antigos diretores ligados à igreja brasileira foram destituídos. Os brasileiros tentam na Justiça derrubar essa assembleia, consideram-se vítimas de um golpe e de xenofobia, e alegam que estão sob risco de expulsão do país.