Em carta a Bolsonaro, empresas elogiam Salles por defesa das madeireiras
Assinada pelas entidades da indústria, agronegócio e comércio do Pará, documento foi anexado a inquérito que investiga o ministro do Meio Ambiente
As federações do agronegócio, indústria e comércio do estado do Pará enviaram uma carta diretamente ao presidente Jair Bolsonaro com declaração de “apoio irrestrito” ao “nobre” ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pela “defesa do setor madeireiro da Amazônia”.
O documento consta do inquérito aberto nesta quarta-feira, dia 2, pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia para apurar os supostos crimes de advocacia administrativa e obstáculo à investigação ambiental que teriam sido cometidos por Salles.
Subscrito por associações madeireiras, as entidades patronais tomaram o lado de Salles no que elas classificam como um “embate com a parte midiática de nossa gloriosa Polícia Federal”, numa clara referência ao delegado da PF Alexandre Saraiva, que entrou com uma notícia-crime contra Salles no STF e originou a investigação. Saraiva, que foi transferido para a PF de Volta Redonda, coordenava a megaoperação Handroanthus GLO, que bateu o recorde de apreensão de toras retiradas ilegalmente da Amazônia. Para o grupo de empresários, a operação está “permeada de irregularidades, subversão de procedimentos e ilegalidades” e tem prejudicado a atividade madeireira na região.
A carta é assinada pela Fiepa e CIP, que representam a indústria; a Faepa, do agronegócio; e a Fecomercio-PA e ACP, do comércio; e traz o “apoio” da Confloresta (Associação Brasileira de Empresas Concessionárias Florestais) e a Aimex (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras). No processo, consta que Bolsonaro recebeu a carta no dia 30 de abril em meio à disputa entre Salles e Saraiva.
“Somos contra o desmatamento ilegal, porém, sabemos que, para isso, é necessário que se proceda o manejo florestal sustentável de acordo com as leis, principalmente com a mais antiga de todas as leis, que é a ‘lei do bom senso’, pois esta é a única forma de combater a ilegalidade”, diz o texto.
No fim, os empresários ainda fazem um apelo ao presidente e à “nação brasileira” para que tenham um “olhar de pertencimento sobre a Amazônia”, onde residem 23 milhões de brasileiros.