Em 5 pontos, por que a inflação recorde é ruim para o candidato Bolsonaro
O aumento de preços está no topo das preocupações do brasileiro, diz pesquisa
A inflação recorde de 1,62% em março anunciada nesta sexta-feira, 8, pelo IBGE — a maior em 28 anos para o mês — é uma má notícia e tanto para Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Ela chega em um momento em que o presidente ensaia uma recuperação nas pesquisas, e o seu impacto na cabeça do eleitor não é nada desprezível.
Segundo a pesquisa Quaest/Genial, feita entre os dias 1º e 3 de abril e divulgada na quinta-feira 7, o aumento dos preços está no topo das preocupações do brasileiro. Ele é o principal problema para 16%, praticamente empatado com os entrevistados que citaram crise econômica no geral (17%) e acima de outras questões prioritárias como saúde e pandemia (14%) e desemprego (13%).
Outro problema para Bolsonaro é que o vilão da inflação foi o aumento dos combustíveis. A maior variação (3,02%) e o principal impacto (0,65 ponto porcentual) foram dos transportes. O resultado foi influenciado pela alta dos preços dos combustíveis (6,70%). E, para a população, o maior culpado por esse aumento é o presidente, como mostrou a mesma pesquisa.
Além disso, a inflação acima do esperado tem o impacto de produzir outros reflexos na economia ou de passar a sensação de que o ambiente econômico está piorando – nesta sexta-feira, por exemplo, a bolsa de São Paulo estava em queda e o dólar em alta em razão da divulgação do índice.
Essa percepção de que a economia vai mal não é uma boa notícia em um cenário no qual 63% dos brasileiros acham que ela está no caminho errado, segundo pesquisa XP/Ipespe também divulgada nesta semana.
Do mesmo modo, não é uma boa notícia o levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado na quinta-feira 7, que aponta que a maioria considera Lula mais preparado para combater a inflação do que Bolsonaro: 38,4% contra 31,3%, praticamente os porcentuais que acham que o petista é mais capacitado para melhorar a economia em geral (37,4% a 31,3%).
E, para fechar, não ajuda a constatação da Genial/Quaest de que 30% dos eleitores de Bolsonaro dizem que podem mudar o o voto “caso algo aconteça”, como consta da pergunta feita pelo instituto. No caso de Lula, esse porcentual é de 23%.
Nâo à toa, Lula já bateu em Bolsonaro por causa da inflação recorde logo no fim da manhã, durante evento no qual o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) foi apresentado como candidato a vice na chapa do petista.