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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Dono de corretora que atuou em leilão de arroz é advogado de Neri Geller

Sócio da Foco Corretora, Robson França, cuida da prestação de contas do PP-MT e está cadastrado como defensor do ex-secretário em 31 processos

Por Isabella Alonso Panho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jun 2024, 16h20 - Publicado em 11 jun 2024, 15h50

O então secretário nacional de Política Agrícola Neri Geller, que se demitiu nesta terça-feira, 11, em meio à crise instalada em razão das suspeitas envolvendo a compra de arroz pelo governo Lula — que foi anulado hoje —, tentou esconder uma informação importante antes da queda: a de que ainda tem relação profissional com o sócio-administrador da Foco Corretora de Grãos, intermediadora do leilão, Robson Luiz Almeida de França, que é seu advogado em ações na Justiça Eleitoral de Mato Grosso.

Pouco antes da queda, Geller sustentou em conversa com VEJA que não tinha relação com França há quatro anos. “Ele trabalhou comigo até 2020. Falei com ele recentemente, e ele até brincou dizendo que eu não pago mais o salário dele”, afirmou. Não é bem isso o que indicam os processos na Justiça.

Um dos casos mais importantes em que França atua é o da prestação de contas do diretório do PP de Mato Grosso. Como Geller foi presidente estadual da legenda, há uma procuração dele para o advogado datada de agosto de 2022. No processo, a última movimentação de França foi no dia 14 de maio deste ano, quando apresentou as suas alegações finais.

Procuração assinada por Geller em agosto de 2022 (esq.) e alegações finais feitas por França na prestação de contas do partido, em maio de 2024 (direita)
Procuração assinada por Geller em agosto de 2022 (à esq.) e alegações finais feitas por França na prestação de contas do partido, em maio de 2024 (à dir.) (Reprodução/Reprodução)

Além da ação de prestação de contas, a reportagem identificou mais trinta processos em que o proprietário da Foco está habilitado como advogado de Geller na Justiça Eleitoral de Mato Grosso. Há representações, prestações de contas de campanha e do partido. França atuou nesses casos a partir de 2020, e a maioria deles (29 de 31) já está arquivado.

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Assessor na Câmara

Como mostrou VEJA, França também trabalhou como assessor direto de Geller, durante o seu mandato como deputado federal, entre 2019 e 2022. O dono da Foco também é sócio do filho do ex-secretário, Marcelo Geller, em outra empresa.

No leilão de arroz que aconteceu na última quinta-feira, 6, a Foco representou três das quatro empresas vencedoras — Zafira Trading, ASR Locação de Veículos e Máquinas e Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos —, atuando na arrematação de onze dos dezessete lotes de arroz que foram objeto do certame. O principal argumento que o governo usou para anular o leilão foi a falta de confiança de que as empresas teriam capacidade técnica e financeira de cumprir o compromisso do edital.

Outro lado

Geller confirmou que o advogado prestou serviços eleitorais para ele e para o PP de Mato Grosso depois de ter deixado a assessoria do seu gabinete de deputado. “Não tenho uma vírgula a esconder”, justificou a VEJA. Ele também disse que os negócios que França teve com seu filho, Marcelo Geller, não tiveram nenhum envolvimento com a Foco Corretora e o leilão anulado.

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França, proprietário da Foco, disse que não foi o único advogado de Geller nos processos — informação confirmada pela reportagem — e que a participação da empresa no leilão não tem conflito de interesses. “Prestei serviços para ele (Geller), atuo na área eleitoral, ambiental. Não vejo impedimento, tenho know how para esses trabalhos.”

Entenda o caso

Quatro empresas venceram o leilão que o governo federal fez na última quinta-feira, 6, para suprir a produção de arroz que estaria afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Uma delas, representada por uma corretora de Londrina e arrematante de seis lotes de arroz, é uma padaria em Macapá chamada Queijo Minas.

Uma das ganhadoras do certame anulado é esta empresa, 'Quejo Minas', com apenas esta unidade em Macapá
Uma das ganhadoras do certame anulado é esta empresa, Queijo Minas, com apenas esta unidade, em Macapá (Google Maps/outubro de 2022/Reprodução)
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As outras três foram representadas pela Foco. Uma atua no ramo de trading em Florianópolis, outra comercializa polpa de frutas em São Paulo e a última pertence ao ramo de aluguel de veículos em Cuiabá. Parlamentares de oposição ao governo e representantes da bancada do agronegócio foram ao Tribunal de Contas da União questionar os critérios estabelecidos para o certame.

No anúncio feito nesta terça, Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) disse que a decisão de anular o leilão teve a participação de Lula. Fávaro (Agricultura) disse que será feito um novo certame, ainda sem data, com um edital mais aprimorado.

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