‘Desejo que a gente caminhe junto’, diz Marina sobre apoio de Ciro a Lula
Durante campanha, ex-ministro adotou postura de ataques frontais ao petista e, após apuração dos votos, disse nunca ter visto uma situação 'tão complexa'

Recém-eleita deputada federal por São Paulo, Marina Silva (Rede) declarou, nesta segunda-feira, 3, que espera contar com o apoio de Ciro Gomes (PDT) à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.
Neste domingo, 2, o petista teve 48,43% dos votos, contra 43,20% do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ciro teve 3,04%, atrás de Simone Tebet, que pontuou 4,16%.
“Tenho o desejo de que a gente caminhe junto, e espero que isso aconteça”, disse a ex-ministra ao ser questionada por jornalistas sobre o eventual papel que terá na aproximação com o pedetista. “Eu, que trabalhei com o Ciro como ministra do Meio Ambiente, o tanto que ele me ajudou quando fui ministra, a relação que criamos. Sei que esse momento aqui é completamente diferente de 2018″, completou.
Marina participa nesta tarde da reunião da cúpula da campanha de Lula – a primeira após o resultado do primeiro turno – em São Paulo, para discutir os próximos passos na investida contra Bolsonaro. Entre as estratégias está o mapeamento de regiões estratégicas em que a vantagem de Lula contra o atual presidente foi baixa – regiões essas que a campanha classifica como passíveis de serem revertidas.
Marina declarou, ainda, que a tarefa de estabelecer o canal com Ciro dependerá de “interlocutores”, que deverão ser aqueles que “têm a melhor potência para o diálogo”.
Durante a campanha, Ciro adotou uma postura de ataques frontais ao petista e, na conclusão da apuração dos votos, na noite do domingo, não declarou apoio a nenhum dos candidatos vencedores e disse nunca ter visto uma situação “tão complexa”.
“Quero dizer que estou profundamente preocupado com o que está acontecendo no Brasil, nunca vi uma situação tão complexa”, disse.
Relação próxima
Marina e Ciro mantêm uma relação – na medida do possível – amistosa, e a ex-ministra chegou a ser cotada para a posição de vice na chapa do pedetista à Presidência, em meados do ano passado. À época, antes do anúncio da aliança Lula-Alckmin, cogitava-se uma frente ampla formada por partidos de centro e centro-esquerda – entre eles, PDT, PSB, Cidadania e Rede.
O acordo não vingou – Ciro lançou sua candidatura, Alckmin seguiu como vice de Lula pelo PSB e o Cidadania formou federação com o PSDB. Marina, há três semanas, acabou declarando apoio a Lula.
Outro nome próximo à ex-ministra e que tem boa interlocução com Ciro é a ex-senadora Heloísa Helena (Rede), uma das fundadoras da Rede ao lado de Marina. Heloísa declarou apoio ao pedetista no primeiro turno – no entanto, rompeu há tempos com o PT e com Lula, e já demonstrou sua insatisfação com o apoio firmado pela correligionária ao petista.