Deputados da base de Lula se manifestam contra tarifa dos EUA ao Brasil
Em coletiva, parlamentares afirmaram que decisão fere soberania nacional e dizem esperar posicionamento oficial do governo para eventuais medidas

Deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) e de outras legendas se manifestaram na tarde desta quarta-feira, 9, contra o anúncio do governo dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Uma das justificativas usadas pelo presidente Donald Trump foi uma suposta perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem sofrido do Judiciário brasileiro.
Em coletiva na Câmara, os parlamentares afirmaram que a decisão fere a soberania nacional e dizem que esperam um posicionamento do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estamos trazendo nosso repúdio, a nossa indignação, com o Trump e com essa extrema-direita. Vamos estar em diálogo com o governo federal, com o Itamaraty. Com certeza vai ter alguma posição do governo brasileiro”, afirmou o deputado Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, acrescentando que ainda é “cedo” para anunciar qualquer medida sem a posição oficial do Planalto.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) comparou a ofensiva americana com a Operação Brother Sam, em 1964. À época, diante de um iminente golpe de Estado no Brasil, os Estados Unidos mobilizaram uma frota de navios de guerra à costa brasileira. “Claro que, passadas tantas décadas, os modos e meios de se agir de maneira imperialista e violenta são diferentes. Entretanto, agora o chamado é não ao patriotismo xenófobo, mas à defesa da soberania de povos e nações”, declarou.
“Parece que há um golpismo transnacional. Porque estão tentando mobilizar um golpe no Brasil, desrespeitando as instituições brasileiras e desrespeitando as decisões do Supremo Tribunal Federal”, disse a deputada Duda Salabert (PDT-MG). “Não acredito que o Supremo irá recuar diante desse tipo de ameaça (…) Eles tentam usar o julgamento de Bolsonaro como razão para essa retaliação [tarifária], na tentativa de intimidar o Supremo”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Eduardo Bolsonaro e lesa-pátria
Alguns dos parlamentares presentes também creditaram a Eduardo Bolsonaro (PL-SP) o aumento direto do tom do presidente americano contra o Brasil e defenderam que o deputado comete crime de lesa-pátria. Morando nos Estados Unidos desde março, Eduardo tem sido uma espécie de porta-voz da direita brasileira junto ao governo Trump. Nesta semana, inclusive, chegou a dizer que acredita ter contribuído com o posicionamento do republicano nas investidas contra o Judiciário brasileiro e a favor de Jair Bolsonaro.
“Temos que deixar clara a responsabilidade política desse campo, que tem um correspondente internacional lá, que é Eduardo Bolsonaro, que está lá trabalhando pelas sanções, agressão e violação da soberania do Brasil”, disse Feghali.
“Não é só a taxação, mas tem um crime de lesa-pátria que está sendo realizado e que está sendo tramado há meses, por gente dessa Parlamento. Que fala em nome do agro e que atacou o agro”, disse outro deputado. Caso o aumento das tarifas seja de fato concretizado, o agronegócio será um dos principais setores afetados no Brasil, que tem nos Estados Unidos um de seus principais parceiros comerciais.