‘Dama do tráfico’ que visitou ministério é presa após cinco meses foragida
Luciane Barbosa Farias, esposa do traficante 'Tio Patinhas', constrangeu o governo Lula ao ser flagrada em 2023 na pasta da Justiça, na gestão Flávio Dino

Condenada a cumprir 10 anos de prisão no regime inicial fechado por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro, Luciane Barbosa Farias, conhecida nacionalmente como “Dama do Tráfico”, foi presa nesta quarta-feira, 28, na Zona Norte de Manaus, depois de permanecer foragida das autoridades públicas do estado por cinco meses. Os recursos judiciais para evitar a prisão foram todos negados, inclusive, em instâncias superiores.
No fim de 2023, a mulher do traficante Clemilson dos Santos Farias, conhecido por “Tio Patinhas”, chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no Amazonas, ficou conhecida nacionalmente após reportagens do jornal “O Estado de S. Paulo” revelar que ela esteve no Ministério da Justiça e tirou fotos com funcionários da pasta até então comandada por Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela também participou de evento no Ministério dos Direitos Humanos, à época chefiado por Silvio Almeida.
Naquela ocasião, a criminosa se apresentava como integrante do Instituto Liberdade do Amazonas, que atua em defesa dos direitos humanos de presos. A condenação da “Dama do Tráfico” ocorreu em janeiro deste ano. De acordo com os autos, a mulher ajudou o marido a lavar dinheiro oriundo do tráfico de drogas e, por isso, foi enquadrada por organização criminosa.

Quando a presença da “Dama do Tráfico” foi identificada no Ministério da Justiça em reuniões, a pasta do governo Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a mulher acompanhava as reuniões por fazer parte da comitiva do instituto do Amazonas. Eles disseram ainda que era impossível detectar de forma antecipada que a esposa do traficante estaria no local.
A presença da agora condenada causou constrangimento ao governo petista. Para evitar situações como essa, o governo editou novas regras para entrada no Palácio da Justiça, que fica nas proximidades da Praça dos Três Poderes, para dificultar acesso de criminosos ao local. Hoje, por exemplo, o nome da pessoa que pretende entrar no local é checado de maneira mais rigorosa.