CPI da Americanas: PT e PSOL querem responsabilizar trio de bilionários
Comissão votará na terça um relatório que não incrimina ninguém; fraude pode superar 43 bilhões de reais

Na próxima terça-feira, 26, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o rombo bilionário nas contas da Americanas deve votar seu relatório final. No entanto, o texto elaborado pelo deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), apresentado no último dia 5, gera divergências entre os membros da comissão por não apontar responsáveis pela fraude contábil de mais de 20 bilhões de reais no gigante do varejo — o documento limita-se a sugerir projetos contra a corrupção em empresas e deixar a apuração a cargo da Polícia Federal.
A análise deveria ocorrer na última terça, 19, mas foi adiada após a apresentação de relatórios alternativos que incriminam os três principais acionistas da Americanas: Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles. As propostas foram protocoladas por Tarcísio Motta e Fernanda Melchionna, do PSOL, e Alfredo Cavalcante, do PT , como votos em separado — se o parecer do relator for rejeitado na próxima semana, a CPI pode discutir e votar imediatamente essas sugestões. Nas considerações, os deputados acusam Chiodini de blindar os três bilionários, que nem sequer foram convocados para depor à comissão.
Além do trio de sócios, os parlamentares esquerdistas atribuem a autoria da fraude aos administradores da Americanas, aos bancos Itaú, Santander e ABC Brasil e às empresas de auditoria externa KMPG e PwC Brasil. Relatórios financeiros publicados recentemente pelo gigante varejista apontam que o buraco na contabilidade pode ter superado os 43 bilhões de reais.
Após a decisão da próxima terça-feira, prazo final dos trabalhos da CPI, o relatório final será enviado ao Ministério Público Federal, que avaliará se os acusados devem ser formalmente denunciados à Justiça.