Como uma aliança PSD-Tarcísio deve impactar a disputa pelo governo de SP
Além do fortalecimento do ex-ministro, um dos principais reflexos esperados do acordo é a resolução do impasse entre PSB e PT no estado

Cada vez mais provável, o acordo do PSD de Gilberto Kassab com o ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) para a disputa pelo governo de São Paulo deve desencadear uma série de desdobramentos relevantes na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.
O acerto seria um passo decisivo para desatar o nó envolvendo a candidatura do ex-governador Márcio França (PSB) e o PT, que tem o ex-ministro Fernando Haddad como postulante. França admitiu a interlocutores que, sem o apoio do PSD, fica difícil levar adiante seu projeto de se candidatar e torna-se mais palpável disputar o Senado na chapa de Haddad – movimento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem estimulado há meses.
Na composição com o PSD, o pré-candidato da sigla ao governo, Felício Ramuth, seria o vice do candidato do Republicanos e cogita-se que Kassab ocupe a suplência do apresentador José Luiz Datena (PSC) ao Senado. Antes do acerto ser sacramentado, quadros do PSD já atuam como coordenadores da campanha de Tarcísio, a exemplo do ex-deputado e economista Guilherme Afif.
Além de impulsionar um desfecho para o vai-não vai de França, a aliança PSD-Tarcísio obviamente fortalece o candidato bolsonarista ao governo paulista, em mais uma prova inequívoca do absoluto pragmatismo que reina entre as fileiras da sigla criada e comandada por Kassab. Embora admita se aliar a Lula em um segundo turno contra Jair Bolsonaro, afinal, o partido estará ao lado do bolsonarismo no maior colégio eleitoral do país, em uma disputa que, como o próprio Gilberto Kassab prevê, será polarizada entre Tarcísio e Haddad. Visto como favorito por Kassab, espera-se que o ex-ministro ajude a catapultar a eleição de deputados estaduais e federais do PSD. Este é o principal objetivo da legenda nos estados, onde seus líderes estão liberados a formatar alianças conforme as melhores conveniências eleitorais.
De quebra, ao dar peso ao palanque de Tarcísio e fortalecê-lo, o partido de Gilberto Kassab aumenta diretamente o grau de dificuldade para a campanha do governador Rodrigo Garcia (PSDB), ex-aliado de Kassab com quem ele rompeu há tempos. Em segundo lugar nas pesquisas, o ex-ministro é o principal obstáculo à chegada de Garcia ao segundo turno. O presidente do PSD não acredita que o desempenho do tucano vá ser alavancado por aquilo que é visto por aliados de Garcia como seu principal trunfo: a máquina estadual e um exército de prefeitos aliados.