Escolhido candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) ganha força na campanha ao articular com grupos resistentes ao petista, como mostra reportagem de VEJA desta semana. Apresentando-se como “copiloto” de Lula e dando garantias de que o eventual governo será pacificador, de centro e responsável, Alckmin tornou-se um trunfo e tanto ao colega de chapa, que só na recente entrevista ao Jornal Nacional falou dez vezes o nome do ex-tucano.
Outro exemplo da relevância de Alckmin se viu logo nos primeiros programas eleitorais do petista na TV, no sábado 27, quando ele apareceu dizendo que o ex-presidente é “a alternativa certa para o nosso povo voltar a ter dignidade” e relativizou as diferenças entre eles, cujo ponto máximo se viu na campanha de 2006, quando disputaram o segundo turno à Presidência. “Mesmo que a gente não pense igual em tudo, nesse momento algo muito mais importante nos une: o desejo de reconstruir o Brasil e melhorar a vida das pessoas”, resumiu Geraldo Alckmin na propaganda lulista.
Pesquisas recentes mostram que a estratégia política embutida na aliança Lula-Alckmin tem surtido efeito. Um levantamento qualitativo feito pela Quaest perguntou a eleitores indecisos qual a palavra que melhor descreve a chapa entre o ex-presidente e o ex-governador. “Moderação” foi a mais citada, com 89% das respostas, seguida por “Política” (88%), “União” (64%) e “Grandeza” (54%). Atributos negativos foram os menos citados: “Sacanagem” (41%) e “Traição” (39%).
“A opção de Lula por sinalizar um ‘governo a quatro mãos’ ajuda a minimizar a percepção de risco da sua candidatura. Parte da explicação do porquê o mercado lhe deu um voto de confiança é em função da presença de Alckmin na chapa. Não só pela figura que ele representa, mas por ser um ex-rival”, avalia o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria. “Torna-se conveniente para Lula falar de Alckmin o tempo todo porque ele lhe agrega essa credibilidade com setores da sociedade que veem na candidatura de Lula um risco de comportamento inadequado”, diz o cientista político Carlos Pereira, da FGV.
Outra pesquisa, feita ainda no período pré-eleitoral pela FSB Pesquisa, em abril, mostrou que 46% dos eleitores afirmam que Alckmin “não faz diferença” no desejo de votar em Lula – é de se esperar que a maioria não decida o voto com base no vice. Por outro lado, 23% responderam que o tucano aumenta a propensão a voto no petista, número que passa a 28% entre eleitores de outros candidatos e é de 19% entre os indecisos.