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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Com extrema direita em alta, Brasil perde sua maior ‘caçadora de nazistas’

Monitoramento feito por Adriana Dias permitiu o mapeamento da ascensão neonazista no país e guiou atuação da polícia e do MP

Por Victoria Bechara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jan 2023, 14h36 - Publicado em 30 jan 2023, 12h00

A luta contra o avanço do neonazismo no Brasil, um fenômeno que vem sendo registrado no país nos últimos anos, perdeu uma de suas principais colaboradoras: morreu no domingo, 30, a antropóloga Adriana Dias, uma das maiores pesquisadoras sobre os movimentos supremacistas brasileiros e ativista pelos direitos humanos. Ela lutava contra um câncer cerebral.

Doutora em antropologia pela Unicamp — onde defendeu a tese “Observando o Ódio”, na qual traça paralelos entre o neonazismo global e os movimentos de direita no Brasil –, Adriana atuava como uma “caçadora de nazistas” na internet. Ela dedicou grande parte da vida ao mapeamento e denúncias de células neonazistas nas redes sociais, aplicativos de mensagens e na deep web, o submundo da internet. Seu trabalho serviu como referência para investigações do Ministério Público e da polícia de Santa Catarina.

O monitoramento feito pela antropóloga, divulgado em uma reportagem de VEJA publicada em novembro, mostra que o número de células neonazistas no país passou de 72 em 2015 para 1.117 em 2022. Esses grupos atuam no Facebook, Instagram, Twitter e em plataformas menos conhecidas, como a rede social russa VK e a americana Gab, além de fóruns on-line e endereços da deep web. O discurso antissemita, racista e xenofóbico também é comum no Telegram, onde usuários declaradamente neonazistas não se preocupam em se esconder.

A presença desse tipo de criminoso no país não é novidade, mas foi em 2019, após a eleição de Jair Bolsonaro, que o fenômeno se multiplicou. Na esteira do discurso radical do chefe do Executivo e da ascensão da extrema direita, esses grupos se sentiram autorizados a avançar. Um dos principais achados da pesquisadora é uma carta do ex-presidente em um site neonazista — escrita quando ele ainda era deputado, em 2004.  No documento, Bolsonaro agradecia aos apoios recebidos. “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato”, escreveu na mensagem.

Adriana também era referência na luta pelos direitos das pessoas com deficiência, integrou a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência e foi coordenadora da Associação Vida e Justiça de Apoio às Vítimas da Covid-19. A antropóloga ainda colaborou com a equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

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O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, publicou uma nota de pesar pela morte de Adriana Dias. “Adriana foi figura importante na composição da nova gestão. Foi uma mulher com deficiência de referência para nós e nos estudos sobre neonazismo. Aguerrida ativista pelos direitos humanos, colaborou na efetiva denúncia de ações nazistas no Brasil. Expressamos aqui nossa homenagem em agradecimento a essa grande mulher, e enviamos nossos sentimentos à família.”

 

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