Com doença de Parkinson, Serra se licencia do mandato por quatro meses
Com licença do tucano, quem assume sua cadeira no Senado é o ex-deputado José Aníbal, também do PSDB

O senador José Serra (PSDB-SP) anunciou nesta terça-feira, 10, que se licenciará do mandato no Senado por quatro meses. Segundo a assessoria de imprensa de Serra, após passar por avaliações neurológicas, ele recebeu na semana passada diagnóstico de um estágio inicial da doença de Parkinson, que provoca tremores, sobretudo nas mãos. Aos 79 anos, o senador será substituído por seu primeiro suplente, ex-deputado José Aníbal, também do PSDB.
O tratamento a que Serra será submetido requer um período inicial de adaptação à medicação, que também vai cuidar de distúrbio do sono do senador.
“O parlamentar encontra-se em bom estado de saúde, mas optou pelo afastamento para que seu suplente, José Aníbal, possa assumir, sem deixar a cadeira de senador por São Paulo em vacância durante o período do tratamento experimental. A decisão também evitará eventuais paralisações no andamento dos projetos em favor do país”, diz a assessoria do senador tucano.
Ainda conforme a nota, José Serra “está seguro de que, ao final desse período, retomará suas atividades com toda a disposição e proatividade que vêm pautando sua atuação no Senado desde 2015”.
Reportagem de VEJA publicada há duas semanas mostra como os recentes problemas de saúde de Serra geram incertezas sobre seu futuro político mais imediato. A decisão sobre o seu destino agita os bastidores tucanos, pois terá importante influência no xadrez político do partido para 2022.
A ala ligada ao governador paulista João Doria, que está em campanha para tentar vencer as prévias e se tornar o presidenciável do partido, gostaria de ver o senador candidato a deputado federal. O argumento é de que isso pouparia Serra de uma campanha desgastante e sem certeza de vitória. “Se concorrer como deputado, Serra nem precisa sair de casa para ser eleito”, afirmou um membro do tucanato.
Há alguns meses, em conversa com um dos caciques do partido, ele disse que não abriria mão da reeleição. Nas últimas semanas, porém, aumentaram os rumores de que estaria mais propenso a mudar de ideia. O próprio disse a VEJA que a única certeza é a de que disputará a eleição, mas sem haver ainda uma “definição clara” sobre o cargo.
Em 2018, ao fazer um check-up, o senador recebeu o diagnóstico de um câncer pouco agressivo na próstata, que desde então é monitorado. Em junho, contaminado pela Covid-19, passou dezoito dias internado. Nesse mesmo período, os médicos detectaram a necessidade de uma angioplastia e ele enfrentou uma cirurgia para a colocação de um stent no coração (já havia passado por procedimento semelhante em 2013). “Ter sido hospitalizado para observar qualquer possível intercorrência da Covid e a realização de exames para saber se estava tudo bem foi o que determinou a angioplastia. O que não deixa de ser uma grande sorte”, disse Serra.
Durante a pandemia, dizem pessoas próximas, ele passou boa parte do tempo em um spa médico em Sorocaba, a cerca de 100 quilômetros de São Paulo. Aliados que se encontraram com ele desde o ano passado notaram sinais de abatimento e de fragilidade física. “Mesmo antes da pandemia, quando falava nos microfones do Senado, era necessário aumentar o volume para que fosse ouvido”, conta um colega de Congresso. Tomando-se como base a mais recente produção legislativa, as dificuldades parecem não ter afetado sua atuação. Entre as proposições dele, 47 aguardam para entrar na pauta do Senado e quinze, já aprovadas, dependem de votação na Câmara. Apesar disso, entre janeiro de 2020 e julho de 2021, ele teve de tirar cinco licenças médicas.