Caso Silvio Almeida: PF marca depoimento de Anielle Franco sobre assédio
Oitiva ocorre no âmbito de inquérito do Supremo Tribunal Federal; ex-ministro também deve ser ouvido pela autoridade policial
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, vai prestar depoimento nesta quarta-feira, 2, sobre as denúncias de assédio contra o ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida. Ela será ouvida, por volta das 18h30, no âmbito do inquérito aberto pelo ministro André Mendonça, do STF, para apurar a “importunação sexual”, que levou à demissão de Almeida em 6 de setembro. Ele nega as acusações.
A ONG Me Too Brasil confirmou que havia recebido denúncias contra os ministro e que Anielle Franco teria sido uma das vítimas. A chefe da pasta de Igualdade Racial do governo Lula já havia delatado diversos episódios de assédio de Almeida para outros ministros como Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Cida Gonçalves (Mulheres) e Esther Dweck (Gestão).
Após a demissão de Silvio Almeida, Franco comentou o caso em público pela primeira vez. Ela disse, em nota publicada nas redes sociais, que irá contribuir com as apurações “sempre que acionada”. A ministra também afirmou que “não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência” e reafirmou que “o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo”.
A cerimônia de posse de Macaé Evaristo, nova ministra dos Direitos Humanos, foi marcada na semana passada pelo choro de Anielle Franco ao abraçar a colega. Evaristo vai suceder Silvio Almeida. Ele também deve prestar depoimento à Polícia Federal, mas a data ainda não está marcada.
Inquérito no STF
O inquérito que apura a “importunação sexual” de Silvio Almeida foi aberto no âmbito do Supremo Tribunal Federal em 17 de setembro, doze dias após as denúncias contra o ex-ministro virem à tona. O ministro do STF André Mendonça, relator do caso, entende que a investigação deve ocorrer no âmbito da Suprema Corte porque os fatos ocorreram enquanto Almeida integrava o primeiro escalão do governo federal.
Em nota, a defesa de Almeida repudiou com “absoluta veemência” as denúncias e classificou as denúncias como “mentiras” e “ilações absurdas” para prejudicá-lo. Ele ainda lamentou a situação e disse que “toda e qualquer denúncia deve ter materialidade”.