Carlos Bolsonaro ‘revira o baú’ para dizer que a esquerda é que é violenta
Vereador lista nada menos que dez episódios antigos para tentar confirmar sua tese

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho Zero Dois do presidente Jair Bolsonaro (PL), está, ao que parece, imbuído de uma missão prioritária: tentar convencer seus seguidores de que quem prega a violência contra opositores políticos são seus adversários, especialmente os de esquerda, e não seu pai e seus apoiadores.
Só hoje, o vereador, que tem 2,5 milhões de seguidores no Twitter, enfileirou dez tuítes relembrando episódios antigos que ele considera exemplos de como os opositores do pai é que fomentam a violência política.
Muita gente foi lembrada: do ator José de Abreu (por causa de um incidente famoso no qual cuspiu em uma mulher em um restaurante em meio a uma discussão política) ao influencer Felipe Neto (dizendo que “não se dialoga com fascista”), passando por referências aos black blocks, nome dado a ativistas que se tornaram célebres em protestos recentes pela depredação e pelo vandalismo em atos de rua.
Mais uma carta de amor!!!! Seria um fomento à fraternidade? pic.twitter.com/KKQv4JIV52
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) July 13, 2022
“Para cada fala de Bolsonaro que alegam fomentar a violência, a esquerda tem 30 iguais ou piores, além de outras dezenas de ações concretas. Enquanto denuncia arminha com a mão e frases metafóricas, o próprio lado sempre promoveu atos violentos e já tentou assassinar o presidente”, fazendo a enésima menção a Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 e que um dia foi filiado ao PSOL.
A ofensiva de Carlos Bolsonaro, como ele gosta de dizer, “tem método”: é parte da estratégia do bolsonarismo na campanha eleitoral apontar que é a esquerda quem prega a violência ou passa a mão na cabeça de criminosos – nesse caso, já usam à exaustão falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre como ajudou os sequestradores do empresário Abilio Diniz ou como um jovem que rouba um celular é fruto de um contexto social mais amplo.
Carlos Bolsonaro, em que pese ter perdido algum espaço na comunicação de campanha para os políticos profissionais do Centrão, ainda é bastante importante na estratégia de comunicação do bolsonarismo nas redes sociais.
Enquanto se esforça para dizer que violentos são os outros, no entanto, Carlos Bolsonaro também escorrega: no dia 7 de julho, postou uma foto sua em frente ao Capitólio, sede do Congresso americano, que foi palco de invasão por apoiadores de Donald Trump inconformados com a vitória de Joe Biden na eleição presidencial.
“Certamente dirão que esses pixels que formam essa fotografia são uma grande ameaça”, ironizou no post, fazendo referência à desconfiança generalizada (com fundamento, diga-se) de que seu pai pode tentar “melar” o resultado da eleição caso não seja ele o vencedor em outubro.