Bolsonaro tem melhora em exames do fígado e segue estável, diz hospital
Ex-presidente teve sinais de movimentos intestinais, mas ainda não tem condições de se alimentar por via oral; não há previsão de alta da UTI

O ex-presidente Jair Bolsonaro teve melhora dos exames laboratoriais do fígado em relação a sábado, 26, e segue estável clinicamente, informou o Hospital DF Star no final da manhã deste domingo, 27.
Segundo o comunicado, Bolsonaro apresentou sinais iniciais de movimentos intestinais espontâneos, mas ainda não tem condições de se alimentar por via oral ou pela sonda gástrica. Por isso, segue recebendo suporte calórico e nutricional por via endovenosa (pela veia) de forma exclusiva.
Por enquanto, persiste o quadro de gastroparesia, que é o retardo do esvaziamento do estômago.
O boletim informa, ainda, que o ex-presidente não tem previsão de alta da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ele permanece realizando a fisioterapia motora e recebendo as medidas de prevenção de trombose venosa. Também permanece a restrição de não receber visitas.
Piora
Na última quinta-feira, 24, o Hospital DF Star havia divulgado “piora clínica” no quadro do ex-presidente com detecção de “elevação da pressão arterial e piora dos exames laboratoriais hepáticos”.
As alterações ocorreram um dia depois de ser citado por uma oficial de Justiça, a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), para apresentar sua próxima defesa na ação criminal em que é acusado de tentar dar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022. Antes disso, no entanto, vinha demonstrando melhora e até participou de lives e deu uma entrevista a uma emissora de TV.
Bolsonaro passou mal no Rio Grande do Norte no dia 11 deste mês e foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas para soltar aderências na região abdominal relacionadas à facada da qual foi alvo em Juiz de Fora durante a campanha presidencial de 2018.
Funcionamento pode demorar até três semanas, diz gastrocirurgião
Gastrocirurgião e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Eduardo Grecco explica que o quatro de Bolsonaro está “dentro do esperado”, tendo em vista que ele já foi submetido a cirurgias várias vezes e tem idade avançada — o ex-presidente está com 70 anos –.
O tempo para que o intestino volte a se movimentar naturalmente varia de paciente para paciente. Em uma primeira cirurgia, é esperado que isso ocorra de forma mais rápida, em dois a três dias. Mas isso pode aumentar quando o órgão foi manipulado em operações mais de uma vez.
“Não existe um prazo estabelecido na literatura médica, mas pode demorar entre duas e três semanas em função da idade e porque o intestino foi manipulado novamente.”
A movimentação espontânea do intestino é constatada em exame clínico. Com uso de estetoscópio, é verificado se há o que se chama de ruídos hidroaéreos.
Segundo Grecco, essa falta de atividade justifica o retardo do esvaziamento estomacal. “Como intestino não está funcionando, o estômago está paralisado. O trato digestivo não faz o peristaltismo para o esvaziamento. Quando o intestino voltar, o estômago vai começar a funcionar melhor. Isso está dentro do esperado.”