Bolsonaro: Malafaia ‘pisou na bola’, ‘mas não vou entrar nessa briga’
Ex-presidente diz que ainda não conversou com pastor e aliado após duras críticas e afirma não haver 'possibilidade de diálogo' com Marçal
O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou a saia justa com Silas Malafaia após o pastor evangélico disparar duras críticas contra o aliado, minimizou a tensão e disse que não quer “entrar nessa briga”.
“Ele tem um gênio explosivo, tem uma visão muito boa das coisas, mas, como é ser humano, dá uma pisada na bola”, disse durante live do portal AuriVerde Brasil nesta quinta-feira, 10. “Eu vou entrar nessa briga com Malafaia? Não vou. O Malafaia sempre foi muito importante para nós. Não conversei nem por telefone com ele depois desse episódio. Talvez a gente converse, se ele ficar um pouco mais calmo. Até porque qualquer briga nossa fortalece o PSOL em São Paulo”, afirmou o ex-presidente.
Na terça-feira, 8, Malafaia acusou Bolsonaro de se omitir nas eleições para a prefeitura de São Paulo e chamou o aliado de “porcaria de líder”. O ponto central do ataque foi o que o pastor classificou como posição omissa e passiva do ex-presidente no apoio selado à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) e a quase conivência com a ofensiva de Pablo Marçal (PRTB) sobre o eleitorado bolsonarista de direita.
Também na live, Bolsonaro voltou a afirmar que os seus próprios apoiadores que se “apaixonaram” pela figura do ex-coach se “equivocaram”. O ex-presidente declarou que Marçal é “dúbio” e apontou que, após uma traição do empresário, não houve mais a possibilidade de diálogo. “Há dois, três meses, ele me pediu aconselhamentos e eu conversei. Duas horas depois, saiu no jornal que eu não apoiaria Nunes, e sim ele, Marçal (…). A partir desse momento, perdeu-se a oportunidade de qualquer diálogo”, afirmou.
Nunes “carne de pescoço” e Marçal “amor rápido”
A seu modo, Bolsonaro acenou a Nunes: disse que o voto no atual prefeito é a única maneira de evitar a “volta do PT” em São Paulo, com Guilherme Boulos (PSOL), e ainda comparou Nunes a uma “carne de pescoço”. “Eleições é um self-service. Tem na mesa uma carne de pescoço e a picanha do Lula. Você pode escolher. E São Paulo, no meu entender, eu escolheria como melhor o atual prefeito à reeleição, até porque o vice é um vice de responsabilidade”, disse, referindo-se ao Coronel Mello Araújo (PL).
“Quando se fala em decidir voto, quem é de direita de verdade? Quem pensa no Brasil. Quem não quer a esquerda no poder. Quem não quer censura. A hora é agora. Vocês vão ter que decidir entre Nunes e Boulos”, prosseguiu o ex-presidente.
Durante a campanha, foram escassas as manifestações de Bolsonaro a favor do atual prefeito de São Paulo, sobretudo após o aumento da temperatura no embate com Marçal. Como estratégia para conter um possível desgaste, o ex-presidente passou a evitar o apoio direto a Nunes e sequer gravou inserções para rádio e TV ao lado do mandatário.
O ex-presidente também voltou a ironizar o apoio de seu próprio eleitorado a Pablo Marçal. “Quem está apaixonado pelo Marçal, tudo bem, direito teu. Aquele amor rápido que apareceu. De repente descobriram uma nova liderança, intergaláctica. Tudo bem”, afirmou.
Eleições
Bolsonaro classificou o primeiro turno das eleições em São Paulo como um “tufão”, disse que é preciso refletir sobre os resultados e anunciou que vai priorizar algumas das cidades que têm candidatos do PL neste segundo turno. Capitais como Goiânia, Manaus, João Pessoa e Belo Horizonte estão no roteiro do ex-presidente nos próximos dias.
“Todos estamos envolvidos pelo mesmo propósito. Devemos, sim, com muito sacrifício, com muita pancada, com esse tufão que foi a eleição de São Paulo no primeiro turno. Aprendendo, depurando. A partir de agora a gente vai conhecendo os estrategistas intergalácticos, que sabem de tudo, e são muito precoces nas suas decisões”, afirmou.