Bolsonaro diz que o ‘mundo está caindo’ em sua cabeça
Sem citar as últimas revelações sobre a suposta tentativa de golpe, ex-presidente disse ser vítima de acusações absurdas e que não teme qualquer julgamento

Sem citar diretamente as mais novas revelações sobre a suposta conspiração articulada em seu governo para tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após o término das eleições de 2022, Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, 16, que “o mundo está caindo em sua cabeça” porque ele é um “paralelepípedo no sapato da esquerda”. O ex-presidente prestigiou o lançamento da pré-candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à prefeitura do Rio de Janeiro em evento realizado na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, onde, novamente, classificou as medidas contra ele como uma perseguição, assim como ocorre com opositores de países como a Venezuela e a Nicarágua, mas disse não ter medo de qualquer julgamento.
“No Brasil, me tornaram inelegível por quê? Por que eu reuni embaixadores, que é uma competência privativa do presidente? Eu não me reuni com traficantes de uma comunidade por aí. Me tornaram inelegível por que eu coloquei no palanque do Sete de Setembro um empresário que paga alguns bilhões em impostos e não a dama do tráfico?”, questionou Bolsonaro, ao apresentar as qualidades de Ramagem para liderar a cidade do Rio. “Assim como eu e o governador Cláudio Castro, ele sofre perseguição. Mas somos cidadãos de bem, somos a maioria”, afirmou.
https://twitter.com/FlavioBolsonaro/status/1769027652147400853
Em seu discurso, Bolsonaro também defendeu o presidente de seu partido, Valdemar Costa Neto, que classificou como um “homem sofrido”. O gesto se deu um dia após o depoimento dado pelo dirigente partidário no inquérito que apura uma eventual tentativa de golpe no Brasil ser revelado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. À Polícia Federal, Costa Neto declarou que foi pressionado por deputados e pelo ex-presidente a apresentar uma ação no Tribunal Superior Eleitoral questionando o resultado das eleições. Segundo afirmou aos policiais, ele não concordava com as falas de Bolsonaro sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
Diante de Castro e Ramagem, Bolsonaro encerrou o discurso afirmando que é vítima de acusações absurdas, “até de molestar uma baleia no litoral do Brasil”, mas que não tem medo de qualquer julgamento. “Preferi voltar para o Brasil com todos os riscos que ainda corro. Não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos”, declarou, sem citar nominalmente nenhum ministro do STF ou TSE.