Bolsonaro diz que não há plano B e ataca o STF: ‘Estão forçando a barra’
'O que eles (Supremo) querem? Me tirar de combate', afirmou o ex-presidente em entrevista durante visita a Recife
Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) há uma semana por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem rodado o país e participado de entrevistas para tentar emplacar a sua versão dos fatos. Nesta segunda-feira, 24, ele esteve em Pernambuco com o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL). Lá, criticou o rito do seu julgamento e se colocou como candidato para 2026, mesmo que hoje esteja impedido de disputar eleições até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A tendência é que a acusação contra Bolsonaro seja julgada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), composta por cinco ministros: Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Luiz Fux.
Ao ser questionado durante entrevista à rádio CBN se seria candidato em 2026, Bolsonaro criticou o fato de a Justiça ter decretado a sua inelegibilidade. “Por que eu me tornei inelegível? Por que me encontrei com embaixadores? Por que eu ocupei o carro de som do Silas Malafaia no 7 de Setembro? E se fosse com traficantes igual o Lula no Morro do Alemão? Não tem problema. ‘Ah, abuso de poder econômico’. Não gastei nada. A estrutura já estava lá”, argumentou.
Na resposta, Bolsonaro se referiu à reunião, de 18 de julho de 2022, quando apresentou, sem provas, contestações sobre o sistema eleitoral brasileiro para embaixadores. Quando fala de encontro de Lula com traficantes, ele faz mais uma alegação que não tem provas — e que já fez outras vezes. O ex-presidente e seus aliados dizem que em 12 de outubro de 2022, durante a campanha eleitoral, o petista teria ser reunido com criminosos em ida à periferia do Rio de Janeiro, onde Lula usou um boné com a sigla “CPX”, em referência ao Complexo do Alemão. Nesta segunda-feira, inclusive, o ex-secretário nacional de Cultura e atual deputado federal Mário Frias (PL-SP) se tornou réu na Justiça Eleitoral paulista por disseminar notícias falsas sobre esta agenda da campanha de Lula.
‘Plano B é o Bolsonaro’
Os entrevistadores insistiram e perguntaram quem seria o seu candidato caso ele não concorra às eleições, mas o ex-presidente rejeitou essa possibilidade. “Só eu morto você vai saber quem será o outro candidato, porque,eu não sendo o candidato é uma negação da democracia”, disse. “Plano B é o Bolsonaro”, acrescentou.
Segundo ele, o julgamento pelo Supremo tem o objetivo de tirá-lo da disputa eleitoral em 2026. “Estão (STF) forçando a barra. O que eles querem? Me tirar de combate. O que está em jogo nisso aí? Eu tenho certeza que, eu elegível, (me) elejo presidente no ano que vem”, disse.
Críticas ao julgamento
Bolsonaro atacou o rito do processo e disse que gostaria de ser julgado em um tribunal de primeira instância. A demanda é defendida por alguns juristas, como o ex-ministro da Corte Marco Aurélio Mello. “O que eu gostaria que acontecesse: primeiro, que a instância não fosse essa. A instância é a primeira instância. Onde o Lula foi julgado? Não foi em Curitiba?”, questionou, em uma comparação do seu caso com o julgamento da Lava-Jato, que levou o petista à prisão. “Tá na Constituição o foro de ex-presidente? Não está. Assim como essas pessoas que estão condenadas a dezessete anos de cadeia, o foro é a primeira instância”, acrescentou o ex-presidente, que se colocou no mesmo nível de outros cidadãos condenados por terem invadido e depredado as sedes dos três poderes. Os magistrados do STF entendem, porém, que o foro de prerrogativa se estende aos crimes cometidos durante o exercício do mandato, como ocorre na denúncia contra Bolsonaro.
Ele ainda insinuou direcionamento político na Primeira Turma do Supremo, que deve julgá-lo. “Eu não posso escolher turma no Supremo Tribunal Federal. Eu posso falar de cada ministro, quem indicou e quem não indicou, para ocupar aquela vaga lá”, disse. Dos cinco integrantes do colegiado, três foram indicados por Lula (Dino, Cármen e Zanin), um por Dilma Rousseff (Fux) e outro por Michel Temer (Moraes). Os dois ministros indicados por Bolsonaro –André Mendonça e Kassio Nunes Marques — estão na segunda turma da Suprema Corte.
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