Bolsonaro diz que levou uma ‘facada nas costas’, mas que não está morto
Ex-presidente afirma que vai conversar com seus advogados para discutir como recorrer e que, por enquanto, é ‘um cabo eleitoral de luxo’

O ex-presidente Jair Bolsonaro criticou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desta sexta-feira, 30, que o tornou inelegível por oito anos, classificou a medida como “uma facada nas costas”, mas ressalvou que não está morto e que a direita brasileira não vai acabar por causa da sua saída, ao menos por ora, do jogo eleitoral.
“Tentaram me matar em Juiz de Fora há pouco tempo com uma facada na barriga e hoje me deram uma facada nas costas por abuso de poder político”, afirmou, fazendo referência ao atentado do qual foi vítima durante a campanha eleitoral de 2018.
O ex-presidente foi condenado devido a uma reunião que convocou com embaixadores de outros países em Brasília, no qual fez uma pregação contra a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro. “Na reunião com os embaixadores, perguntei se alguém adota esse tipo de eleição no seu país. Ninguém adota, só nós. Será que só nos estamos certos?”, questionou.
Bolsonaro disse que acredita ter sido “a primeira condenação por abuso de poder político, crime sem corrupção”. Ele afirmou que irá conversar com seus advogados para ver como poderá recorrer da decisão, mas disse que irá continuar trabalhando politicamente como “um cabo eleitoral de luxo” e que pretende ajudar o PL a fazer o maior número de prefeitos na eleição do ano que vem. “Não vamos desistir do Brasil, afinal de contas tenho uma filha de 12 anos que pretende continuar no país”, disse.
Ele voltou a dizer que não cometeu crime nenhum ao colocar em dúvida a segurança do sistema eleitoral brasileiro, voltou a fazer referência a um inquérito da Polícia Federal sobre a eleição de 2018 – que nunca apontou falhas no sistema – e voltou a criticar as urnas eletrônicas. “Voto impresso, desde 2012 eu luto por isso”, afirmou.
Bolsonaro também criticou quem tentou relacioná-lo ao quebra-quebra de inspiração golpista de 8 de janeiro deste ano e afirmou que sempre respeitou a Constituição e jogou “dentro das quatro linhas”.
Ele afirmou que não tomou nenhuma atitude para impedir que a posse de Luiz Inácio Lula da Silva acontecesse. “Eu me recolhi, a transição foi feita na absoluta normalidade, ninguém do PT pode reclamar de um ministro meu sobre a transição. No dia 30 eu saí do Brasil e, infelizmente, aconteceu o que aconteceu no dia 8 de janeiro”, disse.
Ele, no entanto, negou que os protestos de bolsonaristas naquele dia tinham caráter golpista. “Quem fala em golpe é analfabeto político, ninguém vai dar golpe com senhorinhas com bandeira do Brasil nas costas. Lamentamos a depredação, as pessoas que fizeram isso têm que arcar com suas responsabilidades”, afirmou.
As declarações foram dadas em Belo Horizonte, onde ele passou boa parte do dia por causa do velório de Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura no governo Ernesto Geisel. O pronunciamento foi tomado em sua maior parte por críticas ao governo Lula e a líderes de esquerda da América Latina – ele citou os presidentes de Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua, entre outros. Também atacou o que chamou de cerceamento progressivo dos espaços de direita no Brasil, em especial nas redes sociais.