Barrado pelo TSE, ‘agro-lulista’ recorre ao STF por candidatura no MT
Neri Geller teve registro indeferido pela Justiça Eleitoral devido à cassação de seu mandato de deputado por irregularidades na campanha de 2018

Com a candidatura ao Senado pelo Mato Grosso barrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-deputado federal Neri Geller (PP) apelou na noite desta quinta-feira, 29, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter o entendimento da Corte eleitoral. Ex-ministro da Agricultura no governo Dilma Rousseff e um dos aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no agronegócio, Geller pede ao STF uma liminar para suspender o acórdão do TSE que indeferiu o registro de sua candidatura. A ação foi distribuída ao ministro Luís Roberto Barroso.
Nesta quinta, os ministros barraram o raro “agro-lulista” das eleições devido à cassação de seu mandato como deputado pelo TSE em agosto, por prática de abuso de poder econômico e arrecadação ilícita de dinheiro à sua campanha em 2018. Com a decisão, Neri Geller ficou inelegível por oito anos.
O ponto central da argumentação dos advogados de Geller ao Supremo, no entanto, é o de que a cassação ocorreu em 23 de agosto e foi informada pela Procuradoria Regional Eleitoral do Mato Grosso em 24 de agosto, após, portanto, o prazo limite para que se pedisse o indeferimento de sua candidatura por inelegibilidade, 15 de agosto. O Tribunal Regional Eleitoral mato-grossense havia deferido o registro do candidato em 12 de setembro, decisão revista pelo TSE nesta quinta.
“O caso em questão demanda a adoção de medida liminar a fim de evitar dano irreparável ao Reclamante, eis que se aproxima o pleito eleitoral e sua candidatura ao senado resta enfraquecida com a não hígida declaração de inconstitucionalidade operada pelo TSE”, diz a reclamação.
Produtor rural e vice-presidente da poderosa Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara, Neri Geller enfrenta, além dos enroscos com a Justiça Eleitoral, uma disputa difícil em seu estado. Segundo levantamento Ipec há duas semanas, ele tinha 14% das intenções de voto, ante 40% do favorito, o senador bolsonarista Wellington Fagundes (PL).
O ex-deputado tem atuado como interlocutor de Lula junto a produtores do agronegócio, terreno hostil ao petista e simpático à candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição.