Avança a reaproximação de Lula com velhos caciques do MDB
Enquanto partido lança Simone Tebet ao Planalto, ex-presidente se encontra com Renan Calheiros, tem apoio de Eunício Oliveira e diálogo aberto com Sarney
Os movimentos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao centro, que incluem conversas até com alas do rival histórico PSDB, passam também pelo diálogo com caciques de um antigo aliado, o MDB. No mais recente passo da reaproximação com próceres do partido que capitaneou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, iniciado ainda em 2021, Lula se encontrou em São Paulo com o senador Renan Calheiros (AL) e o governador de Alagoas, Renan Filho, nesta segunda-feira, 31.
Enquanto o partido lança à praça a candidatura da senadora Simone Tebet (MS), que rivaliza com Renan dentro da bancada do MDB no Senado, o senador alagoano defendeu após o encontro com o ex-presidente que, caso a postulação emedebista não se torne “competitiva”, o caminho mais “consequente” seria uma aliança em torno de Lula. Simone conta com o entusiasmo do presidente da sigla, deputado Baleia Rossi (SP), que, segundo aliados, vê nela um biombo entre o partido e Lula. Em uma sigla conhecida por ser uma “federação de partidos estaduais”, contudo, não tem sido tarefa fácil manter os caciques à distância de Lula.
Além de Renan Calheiros, o petista tem no ex-presidente do Senado Eunício Oliveira outro entusiasta nas fileiras do MDB. Eunício, que cogita se candidatar a deputado federal nas eleições deste ano, defende de peito aberto uma aliança com o ex-presidente no Ceará, estado onde é o mandachuva emedebista. O ex-senador foi o anfitrião de um jantar em Brasília, em outubro, que reuniu Lula e emedebistas como o ex-ministro Edison Lobão (MA) e os senadores paraibanos Nilda Gondim e Veneziano Vital do Rêgo, mãe e filho. Em terras cearenses, o PT tem mantido uma aliança vitoriosa com o PDT de Ciro Gomes, com quem Eunício vive às turras, inclusive na Justiça.
Outros nomes do chamado “MDB do Senado” também estão no raio de ação do ex-presidente. No Pará, o PT apoiará a reeleição do governador, Helder Barbalho (MDB), filho do senador Jader Barbalho, e no Amazonas são boas as relações entre o petista e o senador Eduardo Braga. O amazonense, no entanto, ainda não deu sinais mais claros sobre uma reaproximação com vistas ao pleito deste ano.
Ainda é possível um realinhamento no Maranhão, cujo cacique é o ex-presidente José Sarney, com quem Lula se encontrou em maio de 2021. A representante do clã Sarney nas urnas deste ano, ao que tudo indica, será a ex-governadora Roseana Sarney.
Enquanto busca reabrir os canais de diálogo com alguns dos principais caciques emedebistas, Lula já pode dar como certas portas fechadas no partido em estados como Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.