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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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As preciosas crônicas de tempos de pandemia, polarização e mudanças

Livro do tarimbado jornalista Ricardo Viveiros reúne artigos publicados na imprensa entre 2018 e 2022

Por Sergio Ruiz Luz Atualizado em 10 Maio 2024, 08h44 - Publicado em 6 out 2023, 16h03

Jornalista premiado e com mais de cinquenta anos de experiência no ofício, Ricardo Viveiros lançou neste ano o livro Memórias de um Tempo Obscuro, reunindo crônicas e artigos publicados entre 2018 e 2022 em jornais como Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Os textos leves e recheados de tiradas de fina ironia, sem perder o caráter reflexivo, discorrem sobre assuntos que dominaram o noticiário nos últimos anos, da pandemia à corrupção, mas também abordam grandes personagens do passado, como o ex-governador Leonel Brizola.

Viveiros
Memórias de um Tempo Obscuro, Editora Contexto (Reprodução/VEJA)

No campo das atualidades, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem um bom destaque, sendo tema de vários capítulos. Naquele em que o tema é o conceito de genocídio, depois de citar personagens históricos como Josef Stalin e Gengis Kahn, Viveiros lembra que a palavra “genocida” entrou nas conversas dos brasileiros durante a pandemia. Sem citar diretamente o ex-capitão, o autor conclui: “Saber se a aplicação do termo é correta ou não, no aspecto legal, é um debate para juristas. Já quanto às mortes por incompetência…”.

Como se sabe, a discussão sobre genocídio apareceu em meio à desastrosa política negacionista de Bolsonaro nos tempos de Covid-19. Ao abordar o tema em artigo publicado durante a crise, reproduzido no livro no capítulo “Pandemia versus Pandemônio”, Viveiros faz um um sobrevoo sobre o estado de confusão mental que pairava feito nuvem negra sob a sociedade brasileira naquela época, o que dava a margem a muita desinformação, incluindo teorias conspiratórias sobre a origem do vírus.

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Ao final do texto, o autor clama que o enfrentamento da doença não pode ser feito à base das paixões políticas, religiosas, econômicas e comportamentais. Infelizmente, esse tipo de aviso não foi levado a sério e, no futuro, quando alguém se debruçar sobre a história do período, terá plena convicção de quanto tempo e de quantas vidas se perderam em discussões polarizadas, quando a razão e o conhecimento deveriam ter prevalecido na tomada de decisões.

A despeito de o autor discorrer sobre as mazelas dos últimos anos (e elas foram inúmeras, não apenas relacionadas à pandemia), o livro não tem um tom amargo. Nos textos surgem luzes de esperança na vinda de melhores tempos. Novamente citando a pandemia, Viveiros clama que ela não pode ter sido em vão, apenas para roubar vidas: “Estamos vivendo tempos complexos, de insegurança e de medo. Não podemos morrer por desconhecimento, por falta de respeito comum. Devemos fazer como ensina a metamorfose da lagarta ao se tornar borboleta. Ter coragem para transformar, unir para vencer os desafios que se impõem. Conscientes e motivados, apesar das adversidades, podemos ser muito mais fortes para mudar o destino”.

No Brasil da atualidade, tão carente de transformações efetivas nos mais diversos campos, do econômico ao social, os erros do passado ainda precisam ser devidamente aprendidos, conforme destaca Ricardo Viveiros. São crônicas baseadas em “notícias velhas”, mas com ensinamentos bastante atuais.

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