As idas e vindas de Tarcísio sobre as câmeras corporais da PM
Governador de São Paulo disse nesta terça que o uso do equipamento não tem efetividade, mas letalidade policial caiu no estado

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a criticar o uso de câmeras nas fardas da Polícia Militar nesta terça-feira, 2, e afirmou que não vai investir na compra do equipamento. Ele já havia se posicionado contra a medida durante a campanha eleitoral de 2022, mas recuou em outras ocasiões.
Em entrevista ao Bom dia SP, da TV Globo, Tarcísio defendeu outras prioridades, como a contratação de mais policiais e o investimento em tecnologia para reduzir os índices de violência no estado, mas descartou a compra de mais câmeras.
“A gente não descontinuou nenhum contrato, os contratos das câmeras corporais permanecem. Mas qual a efetividade das câmeras corporais na segurança pública? Nenhuma”, afirmou. “Preciso investir pesado em monitoramento. Isso custa muito dinheiro. É a melhor aplicação do recurso que a gente está buscando para proteger o cidadão”, concluiu.
Durante a campanha, Tarcísio prometeu retirar as câmeras corporais caso fosse eleito. A justificativa era a de que o equipamento atrapalharia o trabalho dos agentes. Em outubro de 2022, pouco antes da eleição, bastante criticado, ele voltou atrás e disse que iria reavaliar a política e conversar com especialistas antes de tomar uma decisão.
Em janeiro de 2023, logo depois de tomar posse, o governador declarou que iria manter o uso do equipamento. “Não vamos alterar nada. Para quem está esperando que a gente mexa nesse programa agora, não vamos mexer”, disse.
As câmeras corporais funcionam?
O programa Olho Vivo, que implementou as câmeras corporais no uniforme da PM, foi criado em 2020, durante a gestão de João Doria. Dados do próprio governo estadual apontam que as mortes cometidas por policiais militares em serviço em 2022 caíram para o menor patamar desde 2001 no estado de São Paulo. Só na comparação com o ano anterior, a queda foi de 39%, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que os batalhões que utilizam o acessório tiveram redução de 76,2% na letalidade dos policiais militares em serviço entre 2019 e 2022, enquanto nos demais batalhões a queda foi de 33,3%. O número de adolescentes mortos em intervenções de policiais militares em serviço caiu 66,7%, passando de 102 vítimas em 2019 para 34 em 2022.