As cinco grandes questões do MST com o governo Lula
Durante balanço anual da reforma agrária, movimento cobrou que governo melhore a comunicação com a base e tenha mais agendas 'com o povo'

Durante o balanço anual das políticas de reforma agrária de 2024 nesta sexta-feira, 20, a direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) enumerou cinco pontos na atuação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que precisam ser modificados.
João Paulo Rodrigues e Ceres Hadich cobraram a criação de um projeto de longo prazo para a esquerda, trocas na política de comunicação e mais agendas “com o povo”. Os pontos levantados pelo movimento vão na mesma linha da resolução do diretório nacional do PT divulgada no começo de dezembro, tecendo várias críticas à postura do governo.
“Estamos sentindo falta de um projeto que organize a vida do governo e a vida da esquerda, sobre onde o governo quer chegar em 2026 ou em 2030. É possível que exista uma agenda, mas ela não é visível”, disse Rodrigues sobre o primeiro ponto.
A segunda questão, segundo ele, seria a ausência de um núcleo político dirigente que dê sustentação ao governo. “A impressão que temos é que temos três núcleos dirigentes, o Luiz, o Inácio e o Lula”, brincou o dirigente, lembrando da recente cirurgia de emergência que o presidente precisou fazer na cabeça e o deixou dias na UTI. Como mostrou VEJA, o episódio acendeu um alerta entre o PT sobre a necessidade de levar a saúde do presidente no cálculo político do futuro da sigla.
O terceiro ponto levantado pela direção do MST foi a política de comunicação do governo, que foi criticada pelo próprio Lula, fortalecendo rumores de que ele tirará Paulo Pimenta da Secom. “Precisamos de agendas do presidente no meio do povo. Não é razoável que em dois anos ele não tenha feito uma agenda em assentamento”, disse Rodrigues.
O quarto ponto levantado no balanço foi a entrega de resultados em programas sociais e, o quinto, a necessidade de coordenação política com as bases.
As reivindicações trazidas pelo MST, um dos movimentos sociais que mais sustentam o PT e Lula, vão na mesma linha das que foram externalizadas na resolução do diretório nacioal da sigla. O extenso documento cobrou que a comunicação do governo seja mais eficaz e que haja um diálogo mais intenso entre governo federal e as bases.
‘A Venezuela é uma democracia’
No balanço desta sexta, o MST também colocou reivindicações ao governo na política internacional. A principal delas diz respeito à vitória de Nicolás Maduro na Venezuela, que não foi reconhecida pelo Brasil devido aos fortes indícios de fraude. “A Venezuela é uma democracia. Achamos que o presidente Lula erra ao não ajudar a incorporá-la aos Brics, defendeu Rodrigues.