Após estreia de Lula, esquerda explora Bluesky como trincheira contra Musk
Cúpula petista e aliados aproveitam crise com o bilionário sul-africano para promover a nova rede social como alternativa ao X (ex-Twitter)
![Logo da rede social Bluesky](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/04/bluesky_media_kit_banner_1-1.jpg?quality=90&strip=info&w=900&h=600&crop=1)
A diáspora dos usuários do X (ex-Twitter) rumo a outras redes sociais vem se intensificando à medida em que o bilionário Elon Musk, controlador da plataforma, persiste em investidas contra as instituições no Brasil, como o Supremo Tribunal Federal, em especial o ministro Alexandre Moraes, e o governo Lula.
Na última semana, após a estreia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como primeiro chefe de Estado no Bluesky, o aplicativo de origem americana recebeu mais de 100 mil novos usuários brasileiros e ganhou destaque como novo refúgio da esquerda.
Nos últimos dias, a rede sofreu uma enxurrada de perfis do alto escalão do governo e seus aliados. As autoridades recém-chegadas à plataforma incluem os deputados federais Gleisi Hoffmann (PT-Pr), presidente nacional do PT, e Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato apoiado por Lula à prefeitura de São Paulo, a maior do país. Também já abriram perfis na nova rede os ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) e Marina Silva (Meio Ambiente) e os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso, e Humberto Costa (PT-PE).
‘Resistência à tirania’
Com a migração em massa, o projeto do PT é abrir no Bluesky uma nova trincheira da esquerda em contraponto ao crescente protagonismo e radicalização da extrema direita no X, insuflados pela pregação recente de Musk. Em sua primeira publicação na rede, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou a intenção de criar “uma grande rede de resistência à tirania de Elon Musk”.
![lindbergh-farias-bluesky-resistencia Publicação do deputado federal Lindberg Farias (PT-RJ) em seu perfil oficial no Bluesky em 10 de abril de 2024](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/04/lindbergh-farias-bluesky-resistencia.jpeg?quality=90&strip=info&w=650)
De fato, a rede social recém-inaugurada não parece ter o mesmo apelo entre o eleitorado da direita. Entre os novos usuários há mais de vinte perfis ligados ao PT e ao PSOL que chegaram à rede nas últimas 48 horas — em contraste, nenhum dos principais nomes de oposição e aliados bolsonaristas parece ter apostado na plataforma até o momento.
Já a migração esquerdista ao Bluesky trouxe a reboque uma avalanche de perfis lulistas que, a exemplo do que já ocorre há anos no X, compartilham massivamente conteúdos de crítica à direita e defesa ferrenha do governo federal. Algumas destas contas, criadas há menos de uma semana, já acumulam mais de 10 mil seguidores.
Musk x Moraes
As frequentes colisões entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, culminaram no pedido de demissão do advogado Diego de Lima Gualda, que até então atuava como único representante jurídico do X no Brasil. Ele comunicou sua renúncia à plataforma na última quarta-feira, 10.
Com rachaduras cada vez mais profundas entre a plataforma do magnata sul-africano e o governo brasileiro, o Planalto determinou a suspensão de todas campanhas publicitárias pagas pela Secom ao X. O valor total recebido pela rede do Executivo supera 5,4 milhões de reais, sendo mais de 600 mil reais desde 2023, quando Lula assumiu seu terceiro mandato presidencial.