Após desfile, Bolsonaro terá agenda cheia com militares até 7 de setembro
Presidente deve fazer próxima motosseata na frente de Academia Militar e movimentos radicais planejam manifestação no dia 7 de setembro
![BRA121. BRASÍLIA (BRASIL), 10/08/2021. - Simpatizantes del presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, observan la llegada del un convoy militar en la Esplanada do Ministerios, este martes en la ciudad de Brasilia. El presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, recibió este martes un inusual desfile militar en Brasilia, un despliegue que fue visto por la oposición como un intento de líder de la ultraderecha brasileña por intimidar al Congreso durante una votación clave para el Gobierno. EFE/ Joédson Alves](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/08/f3a78852fda0345c34d3c6ef189e6dca49b3f77b.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Depois do patético desfile de blindados e tanques pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro terá uma agenda cheia de compromissos com a presença de militares nas próximas semanas. A primeira agenda será no próximo dia 16, quando deve comparecer ao treinamento da Operação Formosa. Depois, celebrará o dia do soldado em 25 de agosto como fez no ano passado. O fecho com chave de ouro desse calendário será a tradicional parada militar de 7 de Setembro. Para o evento do Dia da Independência, movimentos de extrema-direita já começaram a chamar a população para uma manifestação em apoio ao presidente.
No próximo sábado, dia 14, Bolsonaro ainda deve ir a Resende, no interior do Rio de Janeiro, para participar de mais uma motosseata. Detalhe: o ponto de partida do ato será em frente à Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), onde Bolsonaro se formou nos anos 70, em mais uma demonstração de associação com os militares. Quem está convocando esse ato é o amigo do presidente Waldir Ferraz, o Jacaré, que criou a ideia das motosseatas a favor de Bolsonaro.
No último 25 de agosto, em 2020, o presidente fez uma defesa enfática da participação dos militares na política. “Em uma célebre frase de Caxias, nosso patrono, ele disse: ‘Sigam-me os que forem brasileiros’. E para aqueles que teimam em achar que o militar não pode participar de política, aqueles poucos, uma frase também: ‘minha espada não tem partido'”, declarou ele.
Nesta terça-feira, dia 10, Bolsonaro recebeu na rampa do Planalto o convite para assistir ao treinamento da Operação Formosa acompanhado dos comandantes das Forças Armadas. A ação militar ocorre todo ano desde 1988, mas foi a primeira vez que se fez um desfile de tanques por Brasília como preparativo, o que gerou críticas de parlamentares que rejeitaram ontem a PEC do voto impresso.
Oficialmente, tanto o presidente como a cúpula militar negam qualquer tipo de anormalidade e tentativa de intimidação do Supremo e do Congresso. Na prática, os gestos do presidente têm servido para incendiar a sua base mais radical, que continua pedindo golpe militar – não só nas redes sociais, mas nas ruas, como se viu durante o desfile desta terça-feira.
Nos bastidores da caserna, a constante identificação dos militares com o governo Bolsonaro e o consequente desgaste da instituição de Estado tem causado indignação por parte da cúpula do Exército. O presidente, no entanto, a julgar pelos próximos compromissos, pretende vincular cada vez mais o seu governo aos militares.