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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Antiga sigla getulista, PTB vira nova casa dos bolsonaristas

Idealizada por Roberto Jefferson, guinada à direita conservadora foi consagrada com a chegada de Otávio Fakhoury ao diretório paulista

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 ago 2021, 17h05

Fundado pelo ex-presidente Getúlio Vargas em 1945, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) vem passando por um profundo processo de reformulação para se tornar a nova casa do bolsonarismo, que ainda se vê sem teto devido à inconstância partidária de seu líder supremo, o presidente Jair Bolsonaro. O último ato dessa reestruturação foi a entrega do principal diretório da sigla, o de São Paulo, nas mãos do empresário do ramo imobiliário Otávio Fakhoury, que tem ótimo trânsito entre os bolsonaristas e é considerado uma espécie de mecenas de candidaturas, campanhas e manifestações da direita conservadora – algumas delas que até lhe renderam menção no inquérito dos chamados “atos antidemocráticos”.

Fakhoury chega ao PTB, do delator do mensalão e também condenado no processo Roberto Jefferson, com a missão de limpar o partido e deixá-lo pronto para a vinda de bolsonaristas e conservadores. A limpa envolve barrar qualquer tipo de coligação com os partidos que eles consideram pertencer ao “Foro de São Paulo” – PT, PCdoB, PSOL e PDT – e também com o PSDB, do governador de São Paulo, João Doria, que é visto como arqui-inimigo. No lugar dessa turma, Fakhoury almeja atrair ex-ministros do governo, os 26 deputados da base bolsonarista e o que chama de “liberais clássicos” – “gente que saiu do Partido Novo descontente, ou de outros partidos que não vêem uma intenficação com seus pensamentos políticos e valores”, diz Fakhoury.

Para facilitar o processo, o empresário e outros dirigentes do PTB foram ao encontro de Bolsonaro no último dia 31, durante a inauguração de um hospital em Presidente Prudente (SP). “Conversei com ele, coloquei o partido à disposição. E o compromisso assumido por mim e pela executiva é o de preparar a nominata, uma lista de candidatos que estarão alinhados por convicção e princípios, identificados e selecionados para atuarem a favor dos princípios e valores defendidos pelo presidente”, conta Fakhoury. A ideia é deixar claro a Bolsonaro que o PTB não será um novo PSL, que elegeu a segunda maior bancada da Câmara na onda bolsonarista de 2018, mas depois rachou entre apoiadores e críticos do presidente.

Para convencer os bolsonaristas a migrarem em peso à sigla, o novo dirigente sabe que precisa atrair o filho Zero Três do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que ainda busca uma legenda para disputar a reeleição em 2022. O problema é que Eduardo andou brigando publicamente com um dos principais políticos do PTB, o deputado estadual Douglas Garcia. Já o filho Zero Um, o senador Flávio Bolsonaro, decidiu se filiar ao Patriota para onde também pretendia levar o pai. Mas uma guerra interna entre os dirigentes da sigla, que foi parar na Justiça, acabou atrapalhando os planos de Bolsonaro, que agora também flerta com legendas do Centrão, como o PP e o PL, e com siglas nanicas, como o PMB e o PRTB.

Fakhoury, que diz ter “carta branca para fazer os movimentos e mudanças necessários”, também confirma que a sigla está conversando com três ex-ministros que se demitiram ou foram exonerados do governo, mas que ainda continuam sendo populares entre o bolsonarismo, como Ricardo Salles (ex-Meio Ambiente), Ernesto Araújo (ex-Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (ex-Educação). “São nomes de peso que deveriam permanecer na política. São pessoas com credibilidade perante o eleitorado de direita”, comentou ele.

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Enquanto o trio ainda não formalizou as tratativas, duas figuras importantes do bolsonarismo “mais raiz” já chegaram – uma é o deputado federal Daniel Silveira, que foi preso por ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal e por defender o AI 5, e deve disputar o Senado no Rio de Janeiro. A outra é o jornalista Oswaldo Eustáquio, que também ficou encarcerado por descumprir medidas impostas pelo STF. Ele também deve tentar o Senado, mas pelo Paraná. A escolha da mais alta Casa do Legislativo federal não é despropositada, já que ela é a única que tem prerrogativa para julgar ministros da Suprema Corte.

Com o plano de recrutar peças-chaves do bolsonarismo pelo país e quintuplicar a bancada do PTB em 2022, Roberto Jefferson também se prepara para tentar o sexto mandato na Câmara dos Deputados – no último, ele foi cassado pelos companheiros após se tornar o pivô do escândalo do mensalão. Com o novo figurino de bolsonarista e arqui-inimigo do Supremo, o ex-líder da tropa de choque de Fernando Collor e ex-integrante da base de Lula planeja uma volta triunfal à Casa que o expulsou em 2005.

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