Alckmin, França e Tabata: os caminhos do PSB para a eleição de 2026 em SP
Márcio França lança candidatura ao governo, mas definição sobre os rumos no estado inclui o futuro de Alckmin e o plano de aumentar a bancada no Congresso

Em crescimento nas últimas eleições e passando por uma renovação interna, o PSB já está definindo suas prioridades para as eleições de 2026. A ideia do partido é aumentar sua força e capilaridade pelo país, usando, para isso, alguns dos seus maiores quadros políticos, como o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França, e a deputada federal Tabata Amaral, além do prefeito de Recife, João Campos.
Um dos estados centrais na estratégia do partido é São Paulo. Alckmin e França estão entre os principais cotados como concorrentes ao governo de São Paulo. Na fila interna do partido, Alckmin teria prioridade para participar do embate, provavelmente contra o atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas interlocutores dos socialistas afirmam que a legenda não vem discutindo essa possibilidade e que o próprio vice-presidente tem sido enfático ao dizer a correligionários que não quer disputar o governo paulista. “O melhor cenário para ele, neste momento, é continuar onde está, isso é indiscutível”, disse um psbista à reportagem.
Alckmin, que tem 72 anos e já venceu três vezes a eleição para o governo de São Paulo (2002, 2010 e 2014), estaria focado em deixar um legado e, por isso, deseja continuar exercendo a função de vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, permanecendo, assim, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Já Márcio França anunciou no último sábado, 26, que pretende ser candidato ao governo de São Paulo em 2026. A maior dificuldade que ele deve enfrentar agora, na visão de parlamentares do PSB, é a possibilidade de candidatura à reeleição de Tarcísio, que tem amplo favoritismo, segundo as últimas pesquisas. A leitura é a de que o cenário ideal para França é ter Tarcísio fora do páreo.
Um fator que pesará na definição do candidato da esquerda em São Paulo será o apoio de Lula e do PT. Os petistas não têm um nome claro para a disputa, embora haja especulações em torno do nome dos ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Fernando Haddad (Fazenda). Para o presidente estadual da legenda em São Paulo, deputado Kiko Celeguim, o PT não descarta apoiar um candidato de outro partido. “Nosso principal objetivo é a reeleição do presidente Lula. Vamos ter clareza para discutir qual será o melhor palanque para 2026, se é França governador, Haddad e Alckmin senadores, ou Haddad governador e França e Alckmin senadores. Nós vamos estar todos no mesmo palanque”, afirma.
Eleições para o Congresso
Para o PSB, no entanto, a prioridade em 2026 será aumentar a quantidade de deputados federais e senadores no Congresso Nacional. As demais disputas majoritárias que a legenda deve priorizar serão somente aquelas em que houver evidente vantagem — como é esperado de João Campos em Pernambuco, após ele ter tido mais de 78% dos votos válidos na reeleição à prefeitura do Recife em 2024.
Já Tabata Amaral — que teve destaque nas eleições à prefeitura da capital paulista em 2024 (chegou em quarto lugar, com quase 10% dos votos válidos) e é a deputada federal mais votada do PSB entre homens e mulheres — deve encabeçar o projeto de ampliação do número de parlamentares no Congresso. A ideia da legenda é que, com número muito expressivo de votos, ela possa ajudar mais candidatos da sigla a se elegerem, além de se firmar como uma cara da renovação do partido.
Em 2024, o PSB se tornou o sétimo maior em número de prefeituras no Brasil e a legenda com melhor desempenho entre aquelas mais à esquerda. A análise das novas lideranças é de que o partido é o único do campo da centro-esquerda que está renovando seus quadros, mas que ainda precisa potencializar essa reforma, levando-a também para Brasília. E, se conseguir se fortalecer no Congresso em 2026 — para apoiar um segundo governo de Lula e Alckmin ou para fazer oposição, em caso de derrota da chapa PT-PSB –, os socialistas acreditam que chegarão mais fortes nas eleições presidenciais de 2030 — quando um dos novos jovens líderes pode ser a aposta da vez.