Advogado de Anderson Torres já defendeu acusados de terrorismo na ditadura
Rodrigo Roca, que defenderá ex-ministro em investigação sobre atos golpistas no DF, advogou para coronel que foi testemunha do Riocentro e outros militares
O advogado Rodrigo Roca foi um dos contratados pelo ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que foi alvo de uma ordem de prisão preventiva do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por omissão no combate aos atos terroristas de bolsonaristas em Brasília, no domingo, 8.
A curiosidade é que não será a primeira vez que Roca atuará como advogado de defesa num processo que envolveu acusações de terrorismo. O advogado já teve como cliente o coronel Wilson Luiz Chaves Machado, a última testemunha viva do atentado do Riocentro, em 1981, no episódio em que militares fracassaram em forjar um ataque terrorista que justificaria o endurecimento da ditadura militar no Brasil.
A ideia dos militares, na época, era plantar bombas durante um espetáculo musical em homenagem ao Dia do Trabalhador que ocorria no local. Assim, culpabilizariam grupos opositores à ditadura e defenderiam o aumento da repressão. No entanto, uma bomba explodiu longe do local, enquanto a outra detonou prematuramente no carro em que estava sendo transportada. Nesse veículo estavam o sargento Guilherme Pereira do Rosário, que morreu na hora, e Machado, que ficou ferido mas sobreviveu.
Machado e outros oito ex-agentes da ditadura foram acusados de atentado terrorista e homicídio qualificado. Nenhuma denúncia foi para a frente, como é de praxe entre os suspeitos de crimes na ditadura. No ano passado, o Superior Tribunal de Justiça determinou que os militares envolvidos não podem ser julgados com a justificativa de que os crimes já estariam prescritos.
Além de Machado, Rodrigo Roca defendeu outros célebres acusados de crimes contra a humanidade durante a ditadura pela Comissão Nacional da Verdade, que elaborou seu relatório final em 2014. Durante a audiências da CNV, o advogado também acompanhou o general Nilton Cerqueira, que comandou a caça ao guerrilheiro Carlos Lamarca, a repressão à guerrilha do Araguaia e morreu no começo de 2022. Roca ainda advogou para o general José Antônio Nogueira Belham e o capitão Jacy Ochsendorf e Souza, acusados de torturarem, assassinarem e ocultarem o cadáver do deputado Rubens Paiva, em 1971.
Além dos militares, Roca tem em sua lista de clientes mais célebres o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Em março de 2022, ele ainda foi nomeado por Torres para chefiar a Secretaria Nacional do Consumidor, posto que ocupou até o fim do ano passado.