Adesão de Republicanos e PP pode dar até 60 votos ao governo no Congresso
Estimativa é do entorno dos políticos cotados como ministeriáveis; avaliação é que nomeações irão dar tranquilidade na tramitação de pautas econômicas
Enquanto o governo Lula discute o redesenho interno para incorporar o Republicanos e o PP à Esplanada dos Ministérios, o entorno dos cotados a ministros — os deputados Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) — considera que a medida, negociada há meses mas tida como certa, vai dar mais tranquilidade ao Executivo para aprovar propostas na área econômica no Congresso. O cálculo é que a iniciativa signifique de 55 a 60 votos de ambas as legendas. A bancada do PP tem 49 deputados e a do Republicanos, 41, mas nenhuma das duas legendas garante apoio integral ao governo.
Nos próximos meses, Lula terá o desafio de garantir apoio suficiente para aprovar o Orçamento de 2024 com créditos especiais para garantir o pagamento das despesas referentes ao Bolsa Família, programa de distribuição de renda que é a bandeira do governo, e os gastos que envolvem a Previdência Social. O desafio é fazer o Legislativo referendar até 318 bilhões de reais para atender o arcabouço fiscal, o que vai aumentar a fatura dos parlamentares em relação ao Executivo.
Silvio Costa Filho está cotado para assumir o Ministério dos Portos e Aeroportos, hoje ocupado pelo ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), enquanto André Fufuca deverá assumir o Ministério do Esporte, liderado hoje pela ex-jogadora Ana Moser. A pasta seria ampliada para atender a área do empreendedorismo e ações na área de geração de empregos.
A expectativa é que as nomeações sejam anunciadas nas próximas horas. O principal entrave na negociação é convencer Márcio França a deixar a pasta, que controla, entre outros, o Porto de Santos, o maior do país. França, que pretende concorrer ao governo de São Paulo, tem a região da Baixada Santista como reduto eleitoral.
Nesta terça-feira, 5, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a dificuldade de comunicar a demissão de um ministro. “É sempre muito difícil chamar alguém para dizer ‘olha, eu vou precisar do ministério porque fiz um acordo com um partido político e é preciso atender’, mas essa é a política”, disse Lula na live semanal “Conversa com o Presidente”.
Pauta de costumes
Silvio Costa Filho tem apoio da ala mais moderada do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, e sua eventual nomeação é encarada como da cota pessoal de Lula. A avaliação nos bastidores é que isso aumentará a adesão da bancada às pautas na área econômica, mas o apoio a assuntos relacionados à pauta de costumes está fora de cogitação.
Parlamentares da ala mais oposicionista da legenda citam recentes medidas do governo, como a edição de decretos e, especialmente, a resolução 715 do Conselho Nacional de Saúde que propõe orientações relacionadas ao aborto, à população LGBTQIA+, à maconha, para rechaçar qualquer possibilidade de aliança.
Já Fufuca é ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem vendido caro o apoio a pautas de interesse do governo na Casa.