Abraham Weintraub é demitido da Unifesp por faltar ao trabalho
Controladoria-Geral da União constatou que ex-ministro teve 218 faltas injustificadas; esposa dele é procurada pelo órgão
A Controladoria-Geral da União (CGU) finalizou um processo administrativo disciplinar contra Abraham Weintraub e decidiu demiti-lo do cargo de professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O motivo foram as faltas injustificadas do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) ao trabalho. De acordo com a CGU, entre outubro de 2022 e setembro de 2023 foram 218 ausências.
A demissão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta, 7. Desde agosto do ano passado Weintraub e a esposa, que também é docente da instituição, estão com seus salários suspensos por causa das reiteradas faltas ao trabalho. Diferente do marido, Daniela Baumohl Weintraub não foi encontrada para apresentar defesa no processo disciplinar. Nessa mesma edição do DOU, ela foi citada por edital para se defender no prazo de quinze dias.
Weintraub é economista de formação e já era professor da Unifesp antes de assumir o Ministério da Educação no governo Bolsonaro. Ele entrou na pasta em abril de 2019, para substituir Ricardo Vélez Rodrigues e, após uma polêmica passagem pelo Ministério, foi demitido em junho de 2020. Seu sucessor foi o pastor Milton Ribeiro, protagonista do escândalo dos pastores do MEC.
Muito ativo nas redes sociais, Weintraub teve uma gestão contubada à frente do MEC. Pouco antes de deixar o cargo, ele divulgou um vídeo em que dizia que “colocava na cadeia” os ministros do Supremo Tribunal Federal. (STF), a quem chamou de “vagabundos”. É dele também a promessa de cortar verba de universidades públicas porque “faziam balbúrdia”.
Depois que deixou o governo, Weintraub foi morar em Washington, nos Estados Unidos, onde residiu até o começo de 2022. Filiado ao Partido da Mulher Brasileira (PMB), o nome dele chegou a ser cotado para uma candidatura a deputado federal em 2022. A ideia, no entanto, nunca saiu do papel.
Além de perder o emprego, a decisão da CGU desta terça também deixou Weintraub inelegível por oito anos. Isso porque na lei consta que quem perder um cargo público por decisão vinda de processo disciplinar fica sujeito a essa sanção de natureza eleitoral. Assim, a medida afeta também a pretensão de Weintraub de concorrer à prefeitura de São Paulo. O ex-ministro também está impedido de assumir outros cargos (concursados ou comissionados) no Executivo federal pelo mesmo período.