Aberta a temporada de troca-troca partidário
Pela primeira vez, PSD chega para negociar novas filiações na posição de partido com mais prefeitos no país
Até o próximo dia 5, vereadores e vereadoras de todo o país têm carta branca do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para trocar de partido sem perder o mandato. E, neste ano, o período tem ao menos uma novidade: pela primeira vez, quem chega mais forte para atrair novos quadros é o PSD, de Gilberto Kassab, atualmente a legenda com o maior número de prefeitos do país, com cerca de 1 100. Um crescimento de 66% em relação aos 660 eleitos em 2020.
Ultrapassar o MDB, que, historicamente, sempre foi o partido mais capilarizado no Brasil, tem lá os seus simbolismos, mas também um efeito prático importante. Ao comandar quase 20% das prefeituras, o PSD não apenas amplia seu poder local como também atrai mais quadros para sua lista de filiados. No caso de Kassab, mais um fator ajuda. Criada em 2011 pelo então prefeito de São Paulo, a legenda segue fiel em seu posicionamento de centro, que serve tanto à base do governo Luiz Inácio Lula da Silva como a seus opositores.
Nas eleições de outubro, a meta é vencer em 750 municípios, plano “factível”, segundo Kassab afirmou a VEJA. O atual secretário de Governo e Relações Institucionais da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) explica que a “baixa” em relação ao número atual de prefeitos é calculada. “Nem todos poderão disputar as eleições”, argumenta. “E temos também nossas alianças”, completa.
A janela atrai até mesmo políticos sem a intenção de disputar as eleições deste ano. Ao menos neste momento. É o caso, por exemplo, do deputado federal Carlos Sampaio (SP), que trocou o PSDB pelo PSD nesta semana com a bênção de Kassab. Neste caso, os tucanos podem pleitear o mandato na Justiça, já que as trocas permitidas são para quem pretende disputar vagas nos legislativos municipais.
Capital paulista
Uma das principais alianças se dá na capital paulista, onde o PSD apoiará a tentativa de reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). A proximidade com o governo, aliás, tem potencial para render frutos à legenda no maior colégio eleitoral do país. De acordo com o vereador Rodrigo Goulart, o partido deve mais do que dobrar de tamanho na Câmara Municipal, filiando até cinco parlamentares. Em 2020, elegeu apenas três.
Na capital, o troca-troca já começou. Com a presença do presidente nacional do partido, Baleia Rossi, e do prefeito Ricardo Nunes, o MDB filiou com pompa o vereador Paulo Frange, que soma sete mandatos na Câmara. No evento, Frange apresentou outros 500 nomes para filiação. “Meu primeiro mandato foi pelo PDT. Do segundo em diante, pelo PTB. Foram quase 30 anos num único partido, o 15. Agora, sou 15. É um passo à frente que estou dando em minha vida política”, disse o parlamentar.
Na contramão, o PSDB deve perder seis ou sete, de seus oito vereadores, para partidos aliados, como MDB, PSD e União Brasil. O Republicanos, do governador Tarcísio Freitas, e o PL, de Jair Bolsonaro, correm por fora para ampliar suas bancadas não apenas em São Paulo, mas também em outras cidades e capitais importantes do país. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a sigla do ex-presidente saiu de 85 vereadores, em 2020, para atuais 100 e de 10 prefeitos para 23.