A investigação sobre racismo que começou em SC e chegou a nove estados
Inquérito sobre ataques na internet contra dois negros no período da Oktoberfest, em Blumenau, gerou operação nacional desencadeada nesta segunda-feira
Nesta segunda-feira, 23, policiais realizaram uma mobilização em âmbito nacional contra o extremismo e o discurso de ódio nas redes sociais. Batizada de Operação Trend, a ação, coordenada pela Polícia Civil de Santa Catarina e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, contou com 97 agentes em nove estados e no Distrito Federal e cumpriu dezesseis mandados de busca e apreensão.
Segundo a polícia, foram identificadas postagens de caráter neonazista por diversos investigados. Três dos alvos da operação são adolescentes. Os perfis dos suspeitos variam e já não se restringem, como antes, a jovens do sexo masculino. “O problema atinge todo o território nacional e não há um perfil determinado; foram identificados desde adolescentes do sexo feminino a homens de mais idade”, afirma o delegado Arthur Lopes, da Polícia Civil de SC, responsável pelas investigações.
A ação policial ocorre no mesmo dia de um atentado a tiros em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, em que um adolescente de 15 anos invadiu uma escola e disparou contra colegas, deixando uma aluna morta e três feridos. A polícia investiga se o crime está ligado ao extremismo na internet.
A operação realizada nesta segunda-feira foi conduzida no Distrito Federal e nos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Mato Grosso e Santa Catarina.
Investigação
A Operação Trend surgiu a partir de um inquérito policial instaurado para apurar a prática de crime de racismo ocorrido em outubro de 2022 contra vítimas catarinenses. Durante o período da tradicional Oktoberfest, dois cidadãos negros de Blumenau (SC) — o padrasto de 44 anos e a enteada de 12 anos — postaram na rede social TikTok um vídeo em que dançavam vestidos com roupas típicas germânicas, conforme o costume regional naquela época do ano.
Segundo a polícia, “a referida publicação desencadeou diversos comentários racistas ao vídeo, discriminando as vítimas por serem negras, mas também com forte conteúdo xenófobo”.