A estratégia de Bolsonaro para justificar os gastos de Michelle
Advogados dizem que ex-primeira-dama usava cartão de crédito de uma amiga porque Bolsonaro era 'pão-duro'

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, na noite da última segunda-feira, 15, que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou por dez anos o cartão de crédito da amiga Rosimary Cardoso Cordeiro porque não tinha crédito para emitir um em seu nome — e que Bolsonaro era “pão-duro” para fornecer à esposa um cartão adicional.
Mensagens obtidas por quebra de sigilo pela Polícia Federal — que investiga um suposto esquema de desvio de recursos no Planalto na última gestão — apontam que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro César Cid, orientou que despesas de Michelle e familiares fossem pagas em dinheiro vivo, além de que fossem feitos depósitos em uma conta bancária da ex-primeira-dama. As informações foram reveladas pelo UOL. Cid foi preso no início de maio por suspeita de articular um esquema de fraude em certificados de vacinação.
Em coletiva, o advogado Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação no governo anterior, afirmou que Bolsonaro, durante os quatro anos em que esteve na Presidência, nunca utilizou o cartão corporativo para nenhuma despesa pessoal ou de parentes. Segundo ele, os boletos de fornecedores com CNPJ eram quitados e, em caso de pequenos fornecedores, o valor era sacado por meio do ajudante de ordens. Integram a defesa de Bolsonaro os advogados Marcelo Bessa, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser.
Sobre a utilização do cartão de Rosimary, os advogados dizem que Michelle fazia pequenas compras e reembolsava, mês a mês, a amiga. As faturas oscilavam entre 800 e 3.000 reais. “Esse cartão permaneceu vigente até agosto de 2021, quando o banco a ofereceu um cartão e ela não mais precisava (…). A resposta da dona Michelle é ‘Meu marido sempre foi muito pão-duro’. Era constrangimento da relação homem-mulher, deixe eu pagar”, afirmou Wajngarten.
A defesa compartilhou a cópia de uma planilha com o que seriam os extratos de saques da conta pessoal de Bolsonaro entre os anos de 2019 e 2022 e se comprometeu a apresentar, “em momento oportuno”, os comprovantes. O processo está sob sigilo.