A decisão de Moraes que autoriza Tarcísio a depor em favor de Bolsonaro
Ex-presidente indicou governador de SP, Hamilton Mourão, seu ex-vice, e ex-ministros como Ciro Nogueira e Rogério Marinho no caso da tentativa de golpe

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta quarta-feira, 30, o depoimento das testemunhas de Jair Bolsonaro e dos demais acusados do “núcleo 1” do caso da tentativa de golpe de estado. Dentre as quinze testemunhas indicadas pelo ex-presidente, estão o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos favoritos à sucessão dele em 2026, o ex-vice-presidente Hamilton Mourão e vários ex-ministros de governo.
A decisão desta quarta é a primeira depois da apresentação da defesa prévia dos acusados — que vem, por sua vez, depois do recebimento da denúncia. Foi para apresentar essa defesa que Bolsonaro foi intimado de dentro da UTI, através de uma oficial de Justiça do Supremo.
A data de oitiva das testemunhas ainda não foi designada. Só depois que todas forem ouvidas os réus serão interrogados. Além de Tarcísio (que, dentre os candidatos à sucessão de Bolsonaro, é o que mais tem a confiança do ex-presidente) e de Mourão, também estão como testemunhas o presidente do PP, Ciro Nogueira, o senador Rogério Marinho (PL-RN), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado e o ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).
O general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Junior, que comandavam respectivamente o Exército e a Aeronáutica no final de 2022, foram indicados simultaneamente por Bolsonaro e pela acusação, e também serão ouvidos. De acordo com a denúncia, eles não concordaram em assinar a minuta apresentada pelo ex-presidente para que ele desse um golpe de estado. O almirante Almir Garnier, chefe da Marinha à época, teria concordado em endossar o documento.
Acesso às mídias
A decisão também autorizou o acesso a defesa a “todas as mídias e documentos apreendidos pela Autoridade Policial na fase de investigação”, o que foi uma demanda bastante grande das defesas de Bolsonaro, Braga Netto e dos demais acusados. Desde que a denúncia foi ofertada, os advogados dos acusados bateram na tecla de que tinham acesso apenas ao espelhamento das apreensões e a parte do material que foi apreendido pela Polícia Federal.
Moraes argumentou que as defesas tiveram acesso aos mesmos conteúdos que a PGR usou para oferecer a denúncia criminal. A decisão desta quarta abre o acesso para tudo que foi apreendido durante as investigações. Porém, as princiais defesas já foram apresentadas no caso.