A briga no PL de Atibaia que envolve Wassef, advogado de Bolsonaro
Político postou críticas ao advogado nas redes e disse que iria renunciar ao cargo de presidente local do PL, mas ele já está fora do posto desde fevereiro

O ex-presidente interino do PL em Atibaia, cidade do interior de São Paulo, Edevaldo de Oliveira publicou em seu Facebook uma nota em que acusa o advogado Frederick Wassef, coordenador regional da legenda no estado e responsável partidário pela agremiação na cidade, de interferência política. Oliveira, que também é advogado, afirmou em trecho da publicação que Wassef “passou a utilizar o partido e sua influência na cidade como ferramenta de interesses pessoais, ignorando completamente o compromisso assumido com os eleitores conservadores e bolsonaristas”. Procurado por VEJA, Wassef, de forma indignada, disse que Edevaldo de Oliveira “mentiu em sua nota de ‘esclarecimentos’ ao afirmar que teria renunciado à presidência do PL em Atibaia no último dia 22.
De fato, a cronologia não dá razão aos argumentos de Oliveira. Ele não é mais presidente do PL local desde fevereiro deste ano, conforme documento oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O político comandou o partido entre 10 de julho de 2024 e 9 de fevereiro último.

Diante do desgaste, o advogado não deve continuar entre filiados do partido. Um novo órgão provisório deverá ser montado nas próximas semanas. Oliveira disse também não ter interesse em brigar judicialmente pelo comando do partido na cidade e que dá o assunto por encerrado.
O ex-presidente do PL Atibaia disse na nota pública descordar dos rumos do atual governo, que é comandado pelo prefeito Daniel Martini (PL). “O PL de Atibaia, sob o comando do Dr. Frederick Wassef, passou a chancelar todas as decisões do Executivo, inclusive com a prática da ‘velha política’ local, com nomeações de figuras ligadas em partidos políticos antagônicos ao que reza a cartilha do Partido Liberal, e continuidade de contratos duvidosos das gestões anteriores, inclusive com Cooperativas ligadas ao MST, contradizendo os compromissos assumidos com o eleitorado conservador e bolsonarista”, afirmou Oliveira.

Queiroz
A relação entre Wassef e Atibaia ficou conhecida nacionalmente no dia 18 de junho de 2020, quando a Polícia Civil prendeu em uma casa do advogado o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro que foi pivô da investigação sobre rachadinha no gabinete do filho Zero Um do ex-presidente Jair Bolsonaro quando ele era deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Wassef continua advogando para Jair Bolsonaro em alguns processos e segue como um dos mais fieis aliados do ex-presidente. Ambos estão na relação de onze indiciados no inquérito que investiga apropriação indevida de joias recebidas no período em que o Bolsonaro era presidente.
Em sua defesa no caso, Wassef afirmou o seguinte: “Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho a público reafirmar que não foi Jair Bolsonaro e nem o Coronel Cid quem me pediram para comprar o Rolex. Eu estava em viagem nos Estados Unidos por quase um mês e apenas pratiquei um único ato, que foi a compra do Rolex com meus próprios recursos, para devolver ao governo federal. Entreguei espontaneamente à Polícia Federal todos os documentos que provam isto. Nem eu e nem os demais advogados do ex-presidente tivemos acesso ao relatório final, o que choca a todos, o vazamento à imprensa de peças processuais que estão em segredo de justiça. Estou passando por tudo isto apenas por exercer advocacia em defesa de Jair Bolsonaro”.