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Vacina para dengue: enfim teremos a solução?

Especialista comenta chegada de novo imunizante para um problema de saúde pública no Brasil

Por Renato Kfouri*
24 abr 2023, 13h03

Há muitos anos esperamos o desenvolvimento e a aprovação de uma vacina segura e altamente eficaz para a prevenção de uma doença que registra, nos últimos anos, um aumento expressivo no número de casos no Brasil. Sim, estou falando de dengue!

Infelizmente, a estratégia de controlar o mosquito (mais particularmente, “a mosquita”) que transmite o vírus tem falhado. Seria o ideal, pois, ao reduzir a infestação do Aedes aegypti pelo país, não teríamos apenas maior controle sobre a dengue, mas também sobre zika, chikungunya e febre amarela, outras doenças disseminadas pela fêmea do inseto.

Lixões, esgotos a céu aberto, terrenos baldios e criadouros domiciliares são um convite à proliferação do vilão, que nos períodos após as chuvas cria ondas sazonais de dengue.

Mas as vacinas surgem novamente como salvadoras da pátria. Recentemente, a Anvisa aprovou um novo imunizante contra a dengue, a Qdenga, do laboratório japonês Takeda. Ela demonstrou, nos estudos, ser extremamente segura e eficaz, capaz de reduzir em 80% o risco de adoecimento e em 90% a chance de um infectado desenvolver dengue grave.

Essa vacina, que estará brevemente disponível no Brasil, resolve os problemas relacionados à outra vacina anteriormente licenciada no país, que só podia ser administrada naqueles indivíduos que já haviam tido a infecção, o que exige testagem prévia de todos os candidatos. Fora isso, o imunizante anterior é utilizado em três doses com seis meses de intervalo cada, inviabilizando na prática sua utilização em programas públicos.

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A nova vacina Qdenga poderá ser aplicada em crianças a partir de 4 anos, em adolescentes e em adultos de até 60 anos, no esquema de duas doses com intervalo de três meses entre elas.

Resta-nos agora aguardar pela definição do preço e da disponibilidade e torcer para que ela seja acessível ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), o que permitirá sua incorporação ao nosso calendário vacinal.

A vacina da dengue era um sonho futuro, e parece que o futuro chegou!

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* Renato Kfouri é pediatra infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

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