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Usar desodorante antitranspirante causa câncer de mama?

Essa é uma das cinco dúvidas mais comuns sobre a doença, respondidas por Antônio Frasson, mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Por Antônio Frasson
24 mar 2017, 12h52
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  • A internet é uma excelente ferramenta na disseminação de informações e conhecimentos. Ao mesmo tempo, serve também para propagar boatos e mitos sobre diversos temas.

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    Câncer é um dos tópicos favoritos, entretanto, informações incorretas, imprecisas, ou mesmo falsas, podem gerar angústias desnecessárias. São os chamados “mitos da internet”. Abaixo vamos discutir sobre alguns deles, sobre o câncer de mama:

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    1. Usar sutiã causa câncer?

    Criado em 1914, o sutiã era uma invenção que tinha o objetivo de acomodar o seio, em detrimento do uso do espartilho, possibilitando moldá-lo, diminuí-lo, escondê-lo ou exibi-lo. Apesar de ser uma peça frequente do guarda-roupa feminino, muitas mulheres têm a preocupação que seu uso possa aumentar o risco de câncer de mama. Entretanto, não há estudos que comprovem esta visão.

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    Em junho de 2002, a Clínica Mayo, um importante centro de estudos norte-americano, realizou uma pesquisa com o objetivo de avaliar a relação entre o uso do sutiã e o risco de neoplasia mamária. Foi realizada uma comparação entre 1.044 mulheres diagnosticadas com carcinoma mamário entre 2000 e 2004, com 469 mulheres sem a doença. Nenhum aspecto relacionado ao uso do sutiã, incluindo o tamanho do bojo, número médio de uso em horas/dia e a idade em que começaram a utilizá-lo, foi associado ao risco de desenvolvimento da neoplasia.

    2. Todos os nódulos da mama são câncer?

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    Considerada a queixa mais comum dos consultórios de mastologia, podendo chegar a 60% das consultas, os nódulos mamários, em sua maioria, correspondem a patologias benignas (70-75% dos diagnósticos), podendo apresentar conteúdo cístico ou sólido.

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    A glândula mamária sofre profundas mudanças durante a evolução da mulher, entre a menarca e a menopausa. Após a menarca (primeira menstruação), o tecido mamário pode responder de maneira exagerada aos estímulos hormonais fisiológicos, formando os fibroadenomas, que correspondem aos nódulos mamários mais frequentes. São nódulos com crescimento limitado e em geral, não ultrapassam dois centímetros, diminuindo o seu tamanho após a menopausa.

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    Portanto, ao palpar um nódulo, não há motivo para desespero, apenas consulte o mastologista que irá realizar o exame físico das mamas e solicitar os exames complementares que julgar necessário.

    3. Próteses de silicone aumentam o risco de câncer?

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    Existem cerca de 10 milhões de mulheres em todo o mundo com implantes mamários. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, a mamoplastia de aumento é o procedimento cosmético mais realizado, com uma estimativa recente de mais de 550.000 implantes por ano.

    Apesar de décadas de uso, a segurança em longo prazo dos implantes mamários continua a ser uma preocupação. Todavia, pesquisadores em Los Angeles, Califórnia, acompanharam 3.182 mulheres com implantes mamários por mais de 14 anos e mostraram que estas pacientes não apresentaram diferença na incidência de neoplasia, bem como não havia atraso na detecção da lesão. Outros seis estudos epidemiológicos publicados sobre o tema também relatam que o risco de câncer de mama é igual ou inferior à taxa esperada.

    4. História familiar negativa para câncer de mama significa que não há motivos para preocupação com esta neoplasia?

    Apenas 5% a 10% de todos os casos de câncer da mama são atribuídos a defeitos (mutações) em um número pequeno de genes que podem ser transmitidos de geração em geração. Estas famílias têm o que se chama de câncer hereditário. Dentre estas mutações, a mais comum está no gene BRCA1-BRCA2.

    A atriz Angelina Jolie assumiu publicamente ser portadora de uma dessas mutações. Nessa situação, o risco do desenvolvimento do câncer de mama durante a vida da mulher está entre 50% a 80%. Uma mulher sem fatores de risco apresenta uma chance aproximada de 10% de desenvolver a neoplasia.

    A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda que o rastreamento do câncer de mama deva ser realizado por TODAS as mulheres a partir dos 40 anos, com a realização periódica de mamografia ou outros exames complementares e avaliação clínica pelo Mastologista, visando à detecção precoce da neoplasia, com o objetivo de reduzir a mortalidade pela doença.

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    5. Usar desodorante antitranspirante causa câncer de mama?

    Após a publicação de um estudo Suíço em setembro de 2016 no International Journal of Cancer que estabeleceu uma ligação em camundongos entre câncer de mama e sais de alumínio, a controvérsia sobre desodorantes ou, mais precisamente, acerca de sais de alumínio em antitranspirantes reacendeu novamente esta polêmica.

    No entanto, nenhum estudo epidemiológico realizado em seres humanos conseguiu estabelecer uma relação direta entre os sais de alumínio e o risco de câncer de mama. Até esta data, apenas dois estudos com alto nível de evidência científica analisaram as consequências da aplicação regular de antitranspirantes, não havendo comprovação que o seu uso tenha influência no aumento do risco de se desenvolver a neoplasia.

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    (Ricardo Matsukawa/VEJA.com)

     

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