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Tipo de dor de cabeça é novo fator de risco para AVC em jovens

Pesquisa aponta quadro de enxaqueca como principal fator de risco não tradicional para acidentes vasculares cerebrais entre adultos jovens

Por Tiago de Paula*
Atualizado em 9 Maio 2025, 10h09 - Publicado em 8 Maio 2025, 13h00

A enxaqueca com aura é uma condição que se caracteriza, principalmente, pela presença de sintomas visuais ou sensoriais que antecedem a dor de cabeça em si. Embora menos comum que a enxaqueca sem aura, é o tipo mais associado pelos estudos hoje a riscos neurológicos, incluindo o de AVC (acidente vascular cerebral).

Uma pesquisa recém-publicada no importante periódico Stroke mostra que a enxaqueca com aura é o principal fator de risco para AVCs sem explicação em pessoas entre 18 e 49 anos.

O trabalho examinou a relação de diversos fatores com a ocorrência de AVC isquêmico de origens desconhecidas – o problema ocorre com a obstrução de uma artéria que acaba impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais.

Os pesquisadores avaliaram fatores de risco tradicionais (hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo, obesidade, consumo de álcool, doenças cardiovasculares, estresse e depressão) e não tradicionais, isto é, aqueles que têm sido cada vez mais reconhecidos como contribuintes para AVCs (enxaqueca com aura, histórico de trombose, uso de drogas ilícitas, câncer e condições crônicas que afetam vários sistemas do corpo).

Foram avaliados também fatores específicos do sexo feminino, como diabetes gestacional e outras complicações da gravidez.

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No estudo, metade dos participantes tinha sofrido AVCs sem explicação, enquanto a outra metade serviu como controle. E parte dos participantes ainda apresentava uma condição cardíaca congênita fortemente associada a ocorrência de AVCs conhecida como forame oval patente (FOP), em que a abertura entre os átrios do coração não se fecha após o nascimento.

Assim, observou-se que, enquanto fatores de risco tradicionais estavam mais fortemente associados a ocorrência de AVC em participantes sem FOP, os fatores não tradicionais estavam mais relacionados a ocorrência de AVC em pessoas com FOP. Segundo os pesquisadores, os fatores de risco tradicionais explicam cerca de 65% dos casos de AVC isquêmico criptogênico em pessoas sem FOP, enquanto os fatores não tradicionais correspondem a 27% dos casos.

Já na presença de FOP, o cenário se inverte e os fatores de risco não tradicionais são os principais culpados, correspondendo a 49% dos casos contra apenas 34% dos fatores tradicionais.

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Ao avaliarem cada fator de risco individualmente, os cientistas identificaram que a enxaqueca com aura é o principal fator não tradicional associado a AVCs. Porém, o motivo ainda precisa ser estudado.

É possível que esse risco aumentado tenha a ver com efeitos da enxaqueca no organismo, como alterações nos vasos sanguíneos, maior chance de formação de coágulos e mudanças no funcionamento do cérebro. Além disso, existe uma relação entre enxaqueca e a presença de FOP, que também está fortemente associado a ocorrência de AVCs, conforme destacado pelo estudo.

A análise é relevante por reforçar a importância de se dar atenção aos fatores de risco não tradicionais para AVCs, como a enxaqueca com aura, que são muitas vezes ignorados. A grande questão é que, frequentemente, os fatores de risco tradicionais são ausentes ou menos evidentes em jovens adultos.

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Então, reconhecer fatores de risco específicos associados a ocorrência do AVC pode mudar a maneira como rastreamos a doença e orientamos os pacientes, assim ajudando a prevenir o problema. No caso da enxaqueca, por exemplo, é fundamental encaminhar o paciente para receber o tratamento adequado.

* Tiago de Paula é neurologista, membro da Sociedade Internacional de Dor de Cabeça e da Sociedade Brasileira de Cefaleia e médico do Headache Center Brasil, em São Paulo

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