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Tratamentos de reprodução assistida não aumentam risco de autismo

O maior estudo sobre o tema tem conclusões animadoras, ajudando a tranquilizar casais inférteis que se submeterão a esse tipo de procedimento

Por Rodrigo Rosa*
Atualizado em 8 Maio 2024, 16h58 - Publicado em 11 jan 2024, 08h00

A saúde das crianças nascidas por tratamentos de reprodução humana é uma preocupação dos casais que se submetem ao procedimento. Mas cada vez mais pesquisas têm demonstrado que não há motivos para se preocupar: um estudo, publicado em novembro, mostrou que tratamentos de reprodução assistida não aumentam o risco de transtorno do espectro autista (TEA) nas crianças.

Este é o maior e mais recente ensaio publicado sobre o tema, incluindo mais de 1,3 milhão de crianças divididas em grupos: nascidos por concepção natural, filhos de casais subférteis que não passaram por tratamentos e crianças de pais inférteis concebidas por tratamentos de baixa ou alta complexidade. Vale ressaltar que, enquanto casais inférteis são incapazes de conceber sem algum tipo de tratamento, casais subférteis podem engravidar sem intervenções, embora a dificuldade seja maior.

A partir dos 18 meses de idade, essas crianças foram acompanhadas por um período entre cinco e onze anos, período no qual 1,6% delas foram diagnosticadas com TEA.

Ao analisarem a incidência entre os diferentes grupos, os pesquisadores observaram que a taxa de incidência foi de 1,9 a cada 1 mil crianças nascidas naturalmente de casais férteis, 2,5 entre os nascidos de casais subférteis e 2,7 entre as crianças concebidas por métodos de reprodução assistida, independentemente da complexidade.

Ou seja, os resultados mostram que os tratamentos de reprodução humana, por si só, não aumentam o risco de TEA, mas sim a subfertilidade ou infertilidade associadas, independentemente da realização de alguma intervenção. E mesmo o aumento observado na incidência de TEA entre crianças nascidas de casais subférteis em comparação aos filhos de casais férteis foi muito discreto.

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Além disso, os resultados mostraram que fatores obstétricos, como gestação múltipla e parto prematuro, são grandes responsáveis pela associação entre infertilidade e TEA. O estudo ainda não apontou diferença na incidência da condição entre a Fertilização in Vitro (FIV) convencional e a FIV com injeção intracitoplasmática de esperma (ICSI), que permite que o espermatozoide saudável seja selecionado microscopicamente para ser inserido diretamente no óvulo com uma agulha de máxima precisão.

Mais pesquisas serão necessárias para explorar quais são exatamente os mecanismos pelos quais a infertilidade pode estar associada a um maior risco de TEA. Mas as conclusões são animadoras, servindo para encorajar e tranquilizar casais inférteis que precisam se submeter aos procedimentos de reprodução assistida.

* Rodrigo Rosa é ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH)

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