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Síndrome de Guillain-Barré: o que é e de onde vêm os surtos?

Governo do Peru declarou emergência sanitária devido ao aumento inesperado de casos de SGB, mas não há indícios que surto chegue ao Brasil

Por *Renato Kfouri
Atualizado em 14 Maio 2024, 00h20 - Publicado em 12 jul 2023, 09h37

Recentemente, o governo do Peru declarou emergência sanitária devido ao aumento inesperado de casos de Síndrome de Guillain-Barré (SGB). Até o início de julho de 2023, um total de 182 episódios de SGB foram reportados. Destes, 31 pacientes encontravam-se hospitalizados, 147 receberam alta hospitalar e 4 faleceram.

Em 2019, o Peru viveu um grande surto da doença em diferentes partes do país, com mais de 900 casos registrados.

A SGB é uma doença aguda que afeta o sistema nervoso periférico, causando paralisia muscular de progressão rápida e ascendente; isto é, inicia-se nos membros inferiores, de forma simétrica, e pode progredir afetando até os músculos respiratórios e a deglutição. É a causa mais comum de paralisia flácida no mundo e requer um diagnóstico rápido e tratamento oportuno.

Trata-se de um distúrbio autoimune, ou seja, que se desenvolve através da produção de anticorpos cruzados contra o próprio tecido nervoso do indivíduo, levando ao quadro de paralisia.

Várias infecções têm sido associadas à SGB, sendo a por Campylobacter (uma bactéria causadora de diarreias) a mais comum, implicada inclusive no atual surto de casos no Peru. Outras infecções que podem desencadear essa doença incluem Zika, denguechikungunya, gripe, Covid-19, entre outros.

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Muitos outros vírus e bactérias já foram associados temporalmente com o desenvolvimento da SGB, embora, em geral, seja difícil comprovar a verdadeira causalidade da doença.

A grande maioria dos pacientes evoluem bem, com cura completa, porém casos mais graves ocorrem e sequelas pós-recuperação podem permanecer.

O diagnóstico é confirmado através de exames específicos e o tratamento é feito com medicamentos que inibem a atividade imunológica ou através de técnicas de filtração do plasma sanguíneo para a remoção de anticorpos.

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No Brasil, são registrados de 1 a 4 casos da SGB a cada 100 mil pessoas anualmente, segundo dados do Ministério da Saúde. Com uma população de 214 milhões de habitantes, a estimativa é de que possam ter cerca de 535 casos da doença por ano, no país, mas é importante ressaltar que não há riscos, até o momento, de disseminação do surto do Peru para outros países e reforçar que a SGB não é transmissível de pessoa a pessoa.

*Renato Kfouri é médico infectologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e pediatra, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) 

 

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