Saiba como a oleosidade pode ser benéfica para a pele
Apesar de ser considerada uma vilã da pele, a oleosidade traz benefícios para a saúde
Paciente: -“Minha pele está muito oleosa!”
Dermatologista: -“Mas isso não é ruim…”
Desespero para qualquer pessoa, o ato de olhar no espelho e ver sua pele brilhando no verão é simplesmente abominável! De fato, para aquelas pessoas que lidam com o público, principalmente, a oleosidade excessiva da pele pode ocasionar desconforto social e, inclusive, embaraços profissionais. Porém, por incrível que pareça, há uma imensidão de trabalhos científicos publicados a respeito de óleo (sebum) da pele.
A oleosidade excessiva da pele, conhecida como pele seborreica, hipersecreção sebácea, ou, vulgarmente, “seborreia”, é um vilão nos portadores de acne. Nessas pessoas, juntamente com a proliferação excessiva de uma bactéria específica – Propionibacterium acnes –, a formação da rolha de ceratina no ducto de excreção do sebo pela glândula sebácea (o popularmente conhecido “cravo”) e a inflamação dérmica ao redor da glândula sebácea, a oleosidade excessiva contribui para o surgimento da acne.
Embora, aparentemente, nojento para a imensa maioria das pessoas, o sebum causa interesse científico, justamente por seu papel (pasmem!) também benéfico à pele. E nas pessoas de pele normal? Então, esse é o meu desafio nesse artigo, mostrar que o sebum não é de todo mau…
Funções benéficas do sebum
Então, o que há de benéfico, de verdade, na oleosidade da pele? O sebum apresenta várias funções benéficas à pele do ser humano, a saber:
- Confere uma barreira de proteção física à pele, participando, inclusive, do processo de hidratação cutânea, por formar filme físico na superfície da pele, impedindo, assim, a evaporação da água.
- É um potente emulsificador de substâncias, facilitando a dispersão de substâncias de forma regular na superfície da pele, evitando, assim, áreas de acúmulo exagerado e irritações pontuais.
- É um agente antimicrobiano, antibacteriano e antifúngico.
- É precursor da vitamina D.
- Confere fotoproteção à pele. Porém, CUIDADO: essa função é fraca, não substituindo a aplicação de filtros solares diariamente sobre a pele..
- Tem propriedades de combate a formação de alguns radicais livres.
Curiosidades por trás do sebum
- A taxa de produção de sebum é maior entre os homens do que entre as mulheres.
- Em ambos os sexos, sua produção é maior entre 26 e 40 anos, seguida pela faixa etária dos 16 aos 25 anos, dos 41 aos 60 e, por fim, dos menores de 15 anos.
- Até os 15 anos de idade, a secreção nas meninas é maior que a dos meninos, sendo ainda mais exacerbada entre as meninas de 11 a 15 anos de idade.
- Acima dos 15 anos, porém, a secreção sebácea masculina é significativamente maior que a feminina.
- Não há relação entre a intensidade da oleosidade e a gravidade da acne, embora a produção de sebo em pacientes com acne é 59% maior que na pele dos sem tendência à acne.
- Pessoas com acne têm um sebum de qualidade diferente do dos sem acne: os acneicos têm mais ácidos graxos livres e menos ácido linoleico no sebum que, respectivamente, irritam a parede da glândula sebácea e desprotege a parede da glândula.
- No período da manhã, quando a temperatura cutânea é menor, percebe-se diminuição na taxa de secreção sebácea. Há um máximo de produção de sebum ao redor do meio-dia, passando, então, a um progressivo decréscimo, atingindo frações muito pequenas durante a madrugada.
- A produção do sebum é maior quanto maior a temperatura ambiental.
- A produção de sebum é maior na zona “T” (testa, dorso nasal e “queixo”), onde há maior temperatura facial. De fato, a produção de sebum aumenta 10% para cada 1oC de aumento da temperatura cutânea facial.
Como melhorar a oleosidade da pele, sem a eliminar?
Bom, já vimos os dados gerados pela ciência feita com o sebum e, também, seu papel benéfico à pele. Agora, como ajudar nossa pele a não produzir sebum em excesso e mantê-la menos brilhante? Aí vão as dicas:
- DESESTRESSAR É O LEMA: estresse físico e emocional pioram a secreção sebácea.
- NADA DE CALOR DEMASIADO: como já falado, ambientes quentes (e úmidos) tendem a aumentar a taxa de secreção sebácea. Logo, refresque-se!
- ALTO LÁ COM A LIMPEZA EXCESSIVA: por ter efeito protetor à pele, quanto mais o sebum é removido, mais a pele produzirá novo sebum para o repor. Logo, lavar exageradamente é prejudicial: lavar a pele duas vezes ao dia, de manhã e à noite, já basta.
- PAPEL TOALHA É UM EXCELENTE AMIGO: está sentido a pele muito oleosa, ao invés de lavá-la exageradamente, pegue um papel toalha e, SEM RASPAR A PELE!, toque-a levemente. O sebum em excesso será removido, sem ser eliminado totalmente; assim, não há produção compensatória.
- LAVAR COM O SABONETE CERTO: essa dica é preciosa; pele oleosa deve ser lavada com sabonete específico para esse tipo de pele, pois isso ajuda a controlar o pH da pele e mantê-la hidratada.
- USAR PRODUTOS ESPECÍFICOS PARA A PELE OLEOSA: a escolha de produtos específicos para a pele oleosa é mandatória, pois isso impede que a pele brilhe, à custa de substâncias oleosas presentes nos produtos, e evita a oclusão das glândulas sebáceas, piorando a acne.
Bom, consegui defender o sebum? Logicamente, a pele oleosa em excesso, além do papel inestético per se, pode desencadear acne na pele daqueles que têm tendência a ela. Por isso, focar nas dicas acima é primordial para ter um equilíbrio entre o proveito das coisas boas do sebum e o impedimento de caos sócio-emocional de ver a pele brilhando naquele compromisso tão importante. Vai a dica. Até o próximo mês!
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, medico do esporte
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista