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Pressão elevada não é hipertensão, mas novas diretrizes orientam cuidados

Entidade europeia atualiza recomendações de cuidados para deter condição por trás de infartos e AVCs

Por Rodrigo Noronha Campos*
2 out 2024, 08h00

A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) divulgou, em seu último congresso anual, realizado em em Londres, novas diretrizes sobre o gerenciamento da pressão arterial, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e prevenir complicações graves em longo prazo.

Esse tipo de atualização ocorre quando evidências científicas justificam mudanças significativas nas recomendações anteriores, que, no caso, eram de 2018.

Você sabe se sua pressão está dentro do normal? Para isso, ela precisa ser inferior a 120/70 mmHg. Isso foi mantido nas diretrizes, assim como os valores para o diagnóstico de hipertensão, que é detectada quando ultrapassam 140/90 mmHg. A novidade é a introdução da categoria de pressão elevada, quando a sistólica (o primeiro valor da medida) varia entre 120 e 139 mmHg ou a diastólica fica entre 70 e 89 mmHg.

Uma das principais metas dessa atualização é prevenir danos futuros em pessoas que anteriormente eram classificadas como de baixo risco. Agora, pacientes com pressão elevada já podem receber orientações para evitar o agravamento da condição. São medidas não farmacológicas, isto é, que não envolvem o uso de medicamentos. Os cuidados, nesses casos, estão relacionados a mudanças fundamentais no estilo de vida.

Exemplos dessas medidas são reduzir o peso corporal, parar de fumar, controlar o consumo de sódio e ingerir a quantidade adequada de potássio por meio de uma alimentação rica em vegetais, preferencialmente.

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Outro tópico fundamental é a realização de atividades físicas regulares, não apenas exercícios aeróbicos, como caminhadas e corridas, mas também musculação, que tem mostrado benefícios no controle da pressão. Manter níveis aceitáveis de colesterol e glicemia também é essencial, especialmente para quem apresenta risco de desenvolver diabetes.

É importante esclarecer que pacientes com doenças cardiovasculares estabelecidas, diabetes ou insuficiência renal moderada a grave devem ser tratados como de alto risco, mesmo que suas pressões não estejam muito elevadas. Nesses casos, essas mesmas medidas de prevenção e controle precisam ser ainda mais rigorosas para reduzir o risco de eventos cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

Para aqueles que já tratam a hipertensão, a diretriz estabelece que o alvo da pressão arterial sistólica deve ser entre 120-129 mmHg, desde que o paciente tolere bem o tratamento. No entanto, para idosos frágeis ou pessoas com múltiplas doenças ou quadros que requerem cuidados, as chamadas comorbidades, os alvos podem ser ajustados de forma mais flexível, considerando a condição de cada paciente.

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Outro ponto relevante é o reconhecimento da “hipertensão do jaleco branco”, uma condição em que a pressão arterial sobe somente durante a consulta médica, causada pela ansiedade do paciente por estar sendo avaliado. As diretrizes destacam a importância do monitoramento domiciliar da pressão arterial, que pode ajudar a excluir esse viés e ainda a identificar casos de hipertensão mascarada, quando a pressão está normal no consultório, mas elevada em casa.

Existem dois exames que podem ser considerados pelos médicos nesses casos. Um deles é o MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial), aquele em que um pequeno aparelho fica com o paciente durante 24 horas e mede a pressão a cada 15 minutos.

O outro é o MRPA (monitorização residencial de pressão arterial), em que o paciente coloca o aparelho pela manhã, realiza três medições com intervalos de 15 minutos, repete isso à noite durante cinco dias e depois o entrega para ser feita a leitura dos valores. A vantagem é que, quando está seguindo sua rotina, a tensão de estar sendo avaliado tende a se dissipar.

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A leitura desses patamares de pressão arterial é uma importante aliada para entender a saúde de cada indivíduo, seus hábitos e incentivar cuidados que exigem bastante dedicação, mas cujo retorno em termos de qualidade de vida e longevidade tem um valor inestimável.

* Rodrigo Noronha Campos é cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia

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