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Pressão alta: um mal silencioso que pode ser fatal e exige ação urgente

No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, especialista faz um chamado à prevenção e ao controle da doença por trás de infarto e AVC

Por Luiz Bortolotto*
26 abr 2025, 08h00

A hipertensão arterial é a protagonista silenciosa de um drama que se desenrola no cotidiano dos brasileiros. Essa doença crônica não transmissível é a principal responsável pelo maior número de óbitos no país e no mundo, revelando-se um alerta urgente para o sistema de saúde.

Mesmo sabendo de sua existência, muitas vezes permanece oculta até que suas complicações – como acidente vascular cerebral (AVC), infarto e insuficiência renal – se manifestem de forma repentina e devastadora.

Estudos apontam que apenas cerca de 30% dos hipertensos no Brasil conseguem manter a pressão arterial sob controle, o que evidencia fragilidades nas estratégias atuais de manejo. Esse dado alarmante estimula a repensar os modelos tradicionais de cuidado, mostrando a necessidade de intervenções mais humanizadas e integradas que envolvam não só a prescrição de medicamentos, mas também o engajamento dos pacientes em sua própria saúde.

Nos últimos anos, diretrizes internacionais vêm propondo abordagens diferenciadas. As recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia, publicadas em 2024, incorporam entrevistas motivacionais em hospitais e centros comunitários. Essa prática transcende o foco apenas na aferição da pressão arterial, estabelecendo um diálogo que estimula a participação ativa do paciente e reforça a importância do autocuidado para a eficácia do tratamento.

O trabalho colaborativo entre diferentes profissionais da saúde também tem se destacado. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e psicólogos devem atuar de forma integrada, proporcionando um atendimento que considera as múltiplas facetas da condição. Essa abordagem multidisciplinar permite que as intervenções sejam personalizadas, considerando fatores físicos, emocionais e sociais que impactam o quadro do paciente.

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Outro avanço importante é o uso de novas tecnologias digitais. Aplicativos, dispositivos vestíveis e sistemas de monitoramento remoto oferecem um acompanhamento contínuo e individualizado, permitindo intervenções precoces que evitam complicações graves. Assim, a digitalização não só facilita a comunicação entre médicos e pacientes, mas também democratiza o acesso a informações e cuidados antes restritos a ambientes hospitalares.

Um estudo recente, publicado no Journal of American Heart Association, demonstrou os benefícios de uma ação integrada na redução de hospitalizações e mortalidade por AVC. Baseado em seis pilares – qualidade do atendimento, acesso precoce, reforma de políticas, análise de dados, tecnologia digital e colaboração intersetorial –, o modelo aplicado em São Paulo e Dakar, no Senegal, evidenciou que a cooperação entre diversos setores gera resultados expressivos em curto prazo.

Inspirada por essas evidências, a Sociedade Brasileira de Hipertensão lançou o Projeto Aliança Onda, que tem como meta aumentar para 70% o controle da pressão arterial dos hipertensos até 2030. Por meio de campanhas educativas, aprimoramento do atendimento e ampliação do acesso a tecnologias e medicamentos, essa iniciativa reafirma o compromisso com a saúde coletiva e a prevenção das complicações cardiovasculares e renais.

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No fundo, enfrentar a hipertensão significa investir na qualidade de vida e na prevenção, unindo tecnologia, empatia e políticas públicas eficientes para transformar a realidade de milhões de pessoas. A batalha contra a pressão alta é, acima de tudo, uma jornada compartilhada rumo a um futuro mais saudável e consciente.

* Luiz Bortolotto é cardiologista, professor de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Hipertensão

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