Por que os adolescentes precisam se vacinar contra o HPV
O momento é perfeito para a vacinação por ser antes do início da atividade sexual, quando ainda não houve contato com o vírus

HPV (Human Papiloma Virus) é a abreviação em inglês para papiloma vírus humano, o vírus responsável pela infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo atualmente. Há dados que cerca de 70 a 80% da população sexualmente ativa mundial já foi contaminada pelo HPV.
Quando se fala em câncer e infecção pelo HPV, o mais frequentemente lembrado é o câncer de colo de útero. Com aproximadamente 570 mil novos casos por ano no mundo, é o quarto câncer mais comum em mulheres e a quarta causa de morte por câncer em mulheres no mundo. No Brasil, é o segundo câncer mais comum em mulheres, com mais de 16.000 novos casos diagnosticados a cada ano.
Contudo, a infecção pelo vírus do HPV pode ser fator de risco para vários outros tipos de câncer, como de vagina, vulva, canal anal, pênis, boca e orofaringe. A infecção ocorre por contato direto da pele ou mucosa durante o ato sexual. Ambos os sexos podem transmitir o vírus. Portanto, homens e mulheres podem ter algum tipo de câncer relacionado à infecção pelo vírus do HPV. Neste sentido, tanto meninas quanto meninos devem ser vacinados contra o vírus do HPV.
A população masculina é a principal responsável pela transmissão da infecção ao sexo feminino, sendo muito importante vacinar os meninos para reduzir a circulação do vírus na população. Vale ressaltar que a vacina também protege contra lesões pré-cancerígenas e verrugas genitais.
A boa notícia é que o SUS oferece gratuitamente a vacina para o HPV para meninas dos 9 anos aos 14 anos de idade e meninos dos 11 anos até os 14 anos. São recomendadas duas doses, com intervalo de 6 a 12 meses entre cada uma delas. A vacina também é disponível para mulheres dos 9 aos 45 anos e homens dos 9 até os 26 anos que vivem com HIV/Aids, submetidos a transplantes de órgãos sólidos/medula óssea e pacientes com câncer. Para pessoas acima dos 15 anos, são recomendadas três doses da vacina.
Dados mostram que a vacina é extremamente segura. Estudos em andamento mostram que a dose única da vacina contra o HPV pode reduzir substancialmente a taxa de câncer do colo do útero, mas os dados ainda são preliminares. Por isso, o ideal é ainda aderir ao esquema vacinal completo preconizado.
A vacina do HPV é recomendada prioritariamente para adolescentes porque é nessa faixa etária que é visto o maior efeito protetor da vacina. O momento perfeito para a vacinação é antes do início da atividade sexual, quando ainda não houve contato com o vírus. Outra razão para seu uso em adolescentes é porque a produção de anticorpos é maior em pessoas jovens, promovendo maior eficácia da vacina. A vacinação contra o HPV em adultos oferece menos benefícios porque já houve exposição ao vírus e a resposta à vacina é menos eficaz em comparação quando aplicadas em adolescentes.
No último mês de maio, o Instituto Vencer o Câncer iniciou, em parceria com a Associação Cedro do Líbano de Proteção à Infância, entidade que atua na Zona Sul de São Paulo, um projeto piloto, que pretende entender os gargalos locais para a resistência que, infelizmente, ainda existe à vacina contra o HPV no Brasil. O propósito é o de replicar o modelo para a formação de pais, professores e adolescentes como agentes multiplicadores, a partir dos resultados mensuráveis do projeto “Vacinar hoje para um futuro sem câncer por HPV”, e mudar os índices de imunização, frequentemente abaixo do ideal para este público.
Em resumo, a vacinação contra o HPV é uma das formas mais eficazes de prevenção para diversos tipos de câncer muito frequentes e agressivos à população. Temos uma oportunidade única para erradicar todos os cânceres associados ao HPV. Não podemos perdê-la. Você já levou seus filhos para vacinar?
Com a colaboração de Dra Graziela Zibetti Dal Molin – Membro titular do Centro de Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; especialista em câncer ginecológico pelo MD Anderson Cancer Center/ Houston; diretora do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos
