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O fungo oportunista que desafia a medicina moderna

Novos casos do fungo Candida auris, confirmados em Minas Gerais, sublinham importância de estarmos preparados para controlar patógeno resistente

Por João Nóbrega de Almeida Júnior*
Atualizado em 16 out 2024, 16h05 - Publicado em 16 out 2024, 14h28

Nos últimos anos, o fungo Candida auris passou a chamar a atenção da comunidade médica e científica devido aos surtos de infecções graves em pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI). A recente confirmação de casos em Belo Horizonte destaca a urgência de uma detecção rápida, de tratamentos adequados para prevenir complicações fatais e da adoção de medidas locais para conter a disseminação e a contaminação de outros pacientes.

A Candida auris não é uma espécie comum na microbiota humana, e sua capacidade de resistir a múltiplas classes de antifúngicos a torna uma ameaça significativa.

Esse fungo foi identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, e, desde então, se espalhou por diversos continentes, incluindo as Américas, Europa e Ásia. Acredita-se que o aquecimento global tenha favorecido sua expansão pelo planeta, já que a espécie é conhecida por crescer em temperaturas elevadas, característica que a difere da maioria dos fungos.

No Brasil, os primeiros casos surgiram em 2020, e recentemente foram confirmados novos episódios em Belo Horizonte, aumentando a preocupação das autoridades de saúde.

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O diagnóstico precoce é crucial para o sucesso do tratamento e controle da disseminação do fungo no ambiente hospitalar. No entanto, a identificação apresenta desafios para os laboratórios.

O exame de cultura é o método padrão para detecção, podendo levar de 24 a 48 horas para crescimento das colônias fúngicas. A identificação das colônias de fungos das culturas é feita com técnicas específicas como espectrometria de massas. Muitos laboratórios do país não dispõem de tal tecnologia. Por tal motivo há receio de que o microrganismo se dissemine de maneira “silenciosa” nos hospitais brasileiros.

Porém, ações conjuntas e coordenadas entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde, Universidade Federal de São Paulo, Fiocruz, Laboratórios Regionais de Referência (LACENS) e profissionais de saúde locais têm ajudado os laboratórios a identificar a Candida auris e a controlar a disseminação do fungo em diferentes regiões do país.

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A história de sucesso do Brasil em controlar a disseminação deste e de outros patógenos em hospitais é motivo de orgulho, já que muitos países desenvolvidos não tiveram a mesma sorte. Já são mais de dez surtos de infecção por Candida auris contidos no país.

Provavelmente esse desfecho se repetirá em Belo Horizonte. Mas vale lembrar: tal êxito só persistirá com a melhoria da capacitação dos laboratórios de microbiologia do país. O futuro ainda depende de nós.

* João Nóbrega de Almeida Júnior é médico infectologista e patologista clínico e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML)

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