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O que o surto de um fungo em um hospital do Espírito Santo ensina e alerta

Episódios recentes de Histoplasmose em instituição reacendem preocupação com vigilância microbiológica e ambiental

Por Klinger Soares Faíco Filho*
24 nov 2025, 08h38

O surto de Histoplasmose no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória (ES), acendeu um alerta que vai muito além dos muros da instituição.

A identificação do fungo Histoplasma capsulatum reforça uma lição essencial: a de que o ambiente hospitalar, mesmo sendo um espaço de cura, pode se tornar um vetor de risco quando os cuidados com a infraestrutura não caminham junto com a excelência assistencial.

Esse microrganismo vive naturalmente no solo, especialmente em locais úmidos e ricos em matéria orgânica, com presença de fezes de aves e morcegos. Ele não é novo, tampouco exótico. Está entre nós há séculos, silencioso, à espera das condições ideais para se multiplicar e se dispersar.

Quando o solo é movimentado, por obras, limpeza de dutos ou infiltrações, seus esporos são lançados no ar e podem ser inalados, atingindo pessoas vulneráveis.

A Histoplasmose, na maioria dos casos, passa despercebida. Os sintomas se confundem com os de uma gripe ou pneumonia comum. Mas em indivíduos imunodeprimidos, como pacientes oncológicos, transplantados ou pessoas vivendo com HIV, a doença pode se disseminar para outros órgãos, com consequências graves.

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E é justamente aí que está o desafio: reconhecer o invisível antes que ele cause impacto.

O recente episódio do Espírito Santo revela um ponto cego ainda presente em muitos hospitais brasileiros: a subvalorização da vigilância ambiental. É natural que os esforços se concentrem nas bactérias multirresistentes ou nas infecções associadas à assistência.

No entanto, fungos ambientais como o Histoplasma também devem estar no radar dos programas de controle de infecção. A umidade, a ventilação e a integridade das estruturas físicas são variáveis que, quando negligenciadas, abrem caminho para surtos.

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Vigilância ambiental não é apenas um protocolo, é uma mentalidade preventiva. Envolve a inspeção regular de dutos, o monitoramento da umidade, o controle de infiltrações e a higienização adequada de áreas com potencial acúmulo de matéria orgânica.

São ações que exigem investimento, planejamento e integração entre engenheiros, equipes de manutenção e profissionais de saúde.

A resposta rápida das autoridades do Espírito Santo, com apoio da Fiocruz e do Lacen-ES, é um exemplo de atuação coordenada que deve ser valorizada. A identificação do agente e a adoção de medidas de desinfecção demonstram que a vigilância epidemiológica ativa é, de fato, o caminho mais eficaz para conter surtos e proteger vidas. 

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Como infectologista, acredito que esse episódio reforça um ponto central: a medicina moderna precisa voltar seu olhar não apenas para o paciente, mas também para o ambiente que o acolhe.

A infecção é um fenômeno biológico, mas também estrutural, e a prevenção depende de enxergarmos o hospital como um ecossistema vivo, onde o controle ambiental é parte inseparável do cuidado. 

O caso do Espírito Santo não é apenas uma ocorrência isolada. É um lembrete de que, em tempos de alta complexidade e tecnologia, ainda são os detalhes invisíveis que podem determinar a segurança do paciente.

*Klinger Soares Faíco Filho é infectologista, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e CEO da Achado, hub de educação médica

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