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O impacto da inteligência artificial na avaliação dos prontuários médicos

Especialista analisa potencial da IA na assistência médica a partir de experimento divulgado recentemente

Por Gustavo Gameiro*
4 jun 2025, 07h00

Que a inteligência artificial (IA), especialmente os chamados modelos de linguagem de grande escala (Large Language Models, ou LLMs), está revolucionando a saúde, já não resta dúvida. Agora, a tecnologia avança para a prática clínica e está sendo testada para interpretar prontuários médicos e auxiliar na tomada de decisões.

Um estudo publicado na The Lancet Digital Health demonstrou o potencial da IA na análise de notas médicas em três idiomas (inglês, espanhol e italiano). O modelo foi desafiado a responder 14 questões sobre os pacientes com base nos prontuários e apresentou um desempenho notável: em 79% das respostas, houve concordância total entre a IA e dois médicos especialistas.

Apenas em 10% das respostas houve discordância completa entre a tecnologia e os profissionais. Curiosamente, as respostas em espanhol e italiano foram mais precisas do que as em inglês, possivelmente devido à complexidade e extensão dos prontuários médicos nos Estados Unidos.

Apesar dos resultados promissores, o estudo também revelou limitações significativas. O modelo apresentou dificuldades na interpretação de informações implícitas, como estabelecer relações causais entre doenças, diferenciar gênero e sexo e identificar prontuários de admissão hospitalar.

Isso nos lembra que a IA não é um emplasto Brás Cubas capaz de curar todos os males da medicina, tampouco um atalho milagroso como o prometido pela Theranos e sua suposta revolução diagnóstica. A IA na saúde é, sim, uma ferramenta poderosa, mas ainda enfrenta barreiras técnicas e éticas.
A privacidade dos dados dos pacientes é um dos desafios mais críticos.

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Prontuários eletrônicos contêm informações sensíveis, e o uso da IA para processá-los exige protocolos robustos de segurança para evitar vazamentos e acessos não autorizados. Algumas empresas já incorporam IA em seus sistemas, otimizando o fluxo de trabalho médico, mas também levantando preocupações sobre regulamentação e proteção de dados.

Além disso, há questões éticas e legais a serem debatidas. Se uma decisão clínica for influenciada por um erro da IA, quem assume a responsabilidade? O médico, o desenvolvedor do software ou a instituição de saúde?

Embora a IA possa auxiliar no raciocínio clínico, a decisão final deve sempre permanecer com o profissional. Além disso, os algoritmos aprendem a partir de grandes volumes de dados históricos – e, se esses dados refletirem desigualdades ou vieses, a tecnologia pode perpetuar ou até ampliar esses problemas.

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Outro desafio é a infraestrutura necessária para treinar e implementar esses modelos, especialmente em regiões do Sul Global, onde o acesso a recursos computacionais e conexão estável à internet ainda é limitado. Isso pode ampliar a disparidade no acesso às inovações tecnológicas na saúde.

A digitalização dos prontuários médicos já revolucionou a forma como informações são registradas e acessadas, tornando os dados mais organizados e disponíveis. Com a incorporação da IA, essa transformação pode ganhar ainda mais eficiência, mas exige cautela. Afinal, prontuários não são apenas registros digitais, mas a base da relação médico-paciente e da tomada de decisões responsáveis na saúde.

* Gustavo Gameiro é médico e pesquisador, doutor em oftalmologia pela Unifesp e membro da Academia Nacional de Medicina

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